tag:blogger.com,1999:blog-40371781526285754332024-03-13T08:02:52.695-07:00flor de geloGerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.comBlogger136125tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-91115942088692134272016-01-19T14:49:00.001-08:002016-01-19T15:17:04.626-08:00Dias feitos de séculos<br />
<br />
<br />
Está no ar Dias feitos de séculos, volume de poemas de Gerusa Leal, selo Vida Secreta, edição de João Gomes.<br />
<br />
<a href="http://issuu.com/search?q=Dias+feitos+de+s%C3%A9culos">Dias feitos de séculos</a><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHbkYyH0u3Bb175Bjwh_8qEP0295Ng36Fxw2mlneYr0ENMcru6MzQv6HbsvIyhAT0J4EhYNRTJXfCpLfc0sU8m4ibKcIMv-lAUllruJcQsNfnOu1T1m2toXYlzDa7yHG7ZNaNRHRWDTDPj/s1600/Dias+feitos+de+seculos+-+em+alta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHbkYyH0u3Bb175Bjwh_8qEP0295Ng36Fxw2mlneYr0ENMcru6MzQv6HbsvIyhAT0J4EhYNRTJXfCpLfc0sU8m4ibKcIMv-lAUllruJcQsNfnOu1T1m2toXYlzDa7yHG7ZNaNRHRWDTDPj/s320/Dias+feitos+de+seculos+-+em+alta.jpg" width="320" /></a></div>
Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-85989211166674268332013-03-26T05:55:00.001-07:002013-03-26T05:55:16.228-07:00Por uma nova literatura pernambucana<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiplS3DJqz1WNiHiJU7uqwgcjQI63PwIQ3DRUS91UNa9iMZL2QegG_M9ZV1hkb0j1KLqnjWwNb_rhOJJU33MT_TbxHj89iISOGj2oGZf0ZTwLi5cLOC-lphm_hwnkRJy6bKQ7Nr0XSzPAmO/s1600/logo42.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiplS3DJqz1WNiHiJU7uqwgcjQI63PwIQ3DRUS91UNa9iMZL2QegG_M9ZV1hkb0j1KLqnjWwNb_rhOJJU33MT_TbxHj89iISOGj2oGZf0ZTwLi5cLOC-lphm_hwnkRJy6bKQ7Nr0XSzPAmO/s320/logo42.png" width="320" /></a></div>
<header class="entry-header">
<h1 class="entry-title">
Por uma nova literatura pernambucana</h1>
<div class="entry-meta">
<span class="sep">Publicado em </span><a href="http://www.angustiacriadora.com/?p=437" rel="bookmark" title="7:46 pm"><time class="entry-date" datetime="2013-03-25T19:46:46+00:00">25/03/2013</time></a> </div>
</header>
<div class="entry-content">
<img alt="Nova literatura" class="aligncenter size-full wp-image-453" height="1944" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/DSC_8328-C%C3%B3pia.jpg" width="2303" /><br />
<strong><em>Foto: Ney Anderson</em></strong><br />
No atual panorama da literatura pernambucana, cada vez mais novos
escritores estão produzindo. Talvez por uma busca por outras formas de
narrar ou até mesmo para tentar manter a tradição ficcional que sempre
foi uma marca do Estado. Em 2008, o Diário Oficial lançou uma antologia
inédita no país com o título “Os novos escritores pernambucanos do
século XXI”. A ideia era tentar dar voz aos autores que não tinham tanto
espaço na mídia. Na ocasião, mais de trinta nomes foram revelados. Eram
todos autores jovens, não necessariamente na idade, mas por estarem
escrevendo há pouco tempo.<span id="more-437"></span><br />
Com a ajuda da Internet, muita gente tem saído do ineditismo para
mostrar seus escritos em blogs e sites, cada um da sua maneira, com
estilos dos mais variados. As editoras independentes, que fazem
publicações em pequenas tiragens, têm contribuído para uma maior
proliferação de títulos lançados no mercado local.<br />
Muitos desses novos autores criaram coletivos para apresentarem seus
trabalhos ao público, entraram nas oficinas ministradas na cidade,
lançaram livros bancados com o próprio dinheiro. Os concursos literários
também são uma saída para quem pretende divulgar sua produção. Que o
diga a escritora Gerusa Leal, 58 anos, que em 2007 foi vencedora do
prêmio Edmir Domingues de Poesia da Academia Pernambucana de Letras, com
o livro <i>Versilêncios, </i>mas só no ano seguinte seria publicado,
pois também foi selecionada pelo Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) da
Fundação de Cultura da Prefeitura do Recife<i>. </i>Gerusa também recebeu o<i> </i>Prêmio Elita Ferreira de Literatura Infantil de 2012, promovido pela mesma APL, dessa vez com o livro <i>Carolina</i>.
Para ela, hoje está mais fácil publicar, mesmo com a grande quantidade
de pessoas escrevendo. “Hoje em dia é facílimo publicar na internet e
razoavelmente fácil publicar um livro em edição de autor, em tiragem
reduzida. Mas para escrever na Internet os jovens se sobressaem, os mais
velhos costumam, em geral, ser meio avessos a publicar virtualmente.
Preferem edições tradicionais, às vezes apenas para distribuir entre
parentes e amigos”, acredita.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMYmmiNFnykpS4hCDnauqZthPSQ-mKvyJRyvhTtcSXg5i0oj5QRvkI-kOEbZX7E9FmBj5xlRJxT9QpWkBVcGMDCLDmVeNY_Oed3dcJ_jYgN4Eyt30whUuCHGzvcpo5DYbdhEP_0K6x8Al0/s1600/Foto+Angustia+Criadora+-+Eu+escritor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMYmmiNFnykpS4hCDnauqZthPSQ-mKvyJRyvhTtcSXg5i0oj5QRvkI-kOEbZX7E9FmBj5xlRJxT9QpWkBVcGMDCLDmVeNY_Oed3dcJ_jYgN4Eyt30whUuCHGzvcpo5DYbdhEP_0K6x8Al0/s320/Foto+Angustia+Criadora+-+Eu+escritor.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<strong><em>Gerusa Leal diz sempre estar atenta aos prêmios literários – Foto: divulgação</em></strong><br />
<br />
Mesmo com resistência para lançar textos na rede, contos e poesias da
autoria dela estão espalhados em diversos portais pelo Brasil, sem
contar nas edições impressas. Gerusa acredita que “é bom que tanta gente
nova (de qualquer idade) esteja escrevendo, o leque se abre, a gente
descobre estilos inovadores de qualidade, a escrita ficcional se
transforma”.<br />
Para o escritor Bernardo Souto, 32 anos, a internet também é uma das
maiores responsáveis por esse crescimento, não apenas ela. Souto analisa
a quase total falta de críticos de literatura para o <i>boom </i>de
textos ficcionais que, segundo o escritor, são em sua maioria de
qualidade duvidosa. Ele teve o primeiro livro lançado em 2010, <i>Elogio do silêncio, </i>e tem outros textos guardados e em fase embrionária de produção.<br />
<img alt="Elogio do silêncio" class="aligncenter size-full wp-image-458" height="414" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/7031952.jpg" width="300" /><br />
Souto acredita que os escritores não precisam estar juntos para se
fazerem presentes. “Existem grupinhos relativamente unidos. De resto,
acho a união entre escritores uma coisa rara e, frequentemente,
prejudicial, visto que acabam surgindo rebanhos que, quase sempre,
prejudicam a criatividade dos seus membros e sectários”, ironiza.<br />
<img alt="Bernardo Souto" class="aligncenter size-full wp-image-449" height="720" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/Bernardo-Souto-para-o-autor-a-literatura-%C3%A9-muito-mais-do-qu%C3%AA-leituras-em-mesa-de-bar.jpg" width="960" /><br />
<strong><em>Souto diz que a literatura é muito mais do quê leituras em mesa de bar – Foto: Divulgação</em></strong><br />
Para muitas pessoas a literatura não possui o glamour de uma banda de
rock, ou de uma carreira no mundo das artes cênicas. Por outro lado, é
muito difícil que um leitor de ficção não se sinta instigado a escrever,
não importa o gênero que seja. Assim, quem sabe haja mais
leitores/escritores por aí do que se imagina. Foi dessa forma, por ser
um leitor ávido por novidades, que Marcos Henrique Martins,34 anos,
resolveu criar suas próprias histórias. Este ano (2012) o livro, <i>O Lado Avesso – Nornes, o Mago</i>, livro que estava trabalhando há algum tempo, saiu da gaveta e ganhou as estantes das livrarias. Como o título já indica, <i>O Lado Avesso é</i>
um livro de literatura fantástica, em que seres do folclore brasileiro
como Curupiras, Caiporas, Comadre Florzinha, se misturam com Elfos,
Dragões e Magos.<br />
<img alt="O Lado Avesso" class="aligncenter size-full wp-image-450" height="449" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/este-02.jpg" width="290" /><br />
<div style="text-align: center;">
<strong><em>Marcos Henrique criou um mundo fantástico com personagens tupiniquins</em></strong></div>
Adriano Portela, começou a escrever ainda na escola. Literatura,
redação e português eram suas matérias preferidas. Aos 17 anos escreveu o
primeiro conto e não parou mais. Depois de escrever vários textos
curtos e se sentir preparado para desenvolver o primeiro romance, eis
que no ano passado (2011), <i>A última volta do ponteiro</i>, resolveu sair dos arquivos do computador e ver a luz do dia.<br />
<img alt="ADRIANO PORTELA" class="aligncenter size-medium wp-image-477" height="500" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/ADRIANO-PORTELA-38-333x500.jpg" width="333" /><br />
<div style="text-align: center;">
<strong><em>Adriano Portela em noite de lançamento – Foto: divulgação</em></strong></div>
O livro é uma narrativa que se passa no Brasil e na Itália, onde o
crime e a traição são apenas pano de fundo para a reintegração de um
passado cheio de surpresas. Portela acredita que “Hoje existe uma
demanda maior de encontros, de debates com novos autores, e isso acaba
proporcionando a troca de informação e interação”.<br />
<img alt="A última volta" class="aligncenter size-medium wp-image-455" height="500" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/livro-C%C3%B3pia-335x500.jpg" width="335" /><br />
<div style="text-align: center;">
<strong><em>O romance de Portela se passa no Brasil e Itália</em></strong></div>
Muitas coisas unem os novos autores, talvez a principal seja a
dificuldade em ser publicado por grandes editoras e o reconhecimento do
público. Mas o mais importante pode ser a tentativa de se reconhecer em
meio a uma sociedade cada vez mais sufocada pelos prazos, louca por
resultados imediatos e que não para um momento sequer para refletir
sobre o local que está inserida. Dessa forma, sempre irão surgir novos
autores, com maneiras ímpares de mostrar por meio da escrita, que a arte
faz pensar sobre a condição humana onde mais importa: na linguagem
verbal.<br />
<div align="center">
<strong>A ficção que ultrapassa a barreira da idade</strong></div>
<div align="center">
<img alt="Inah Lins" class="aligncenter size-full wp-image-463" height="347" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/Inah-Lins.jpg" width="440" /></div>
<div align="center">
<strong><em>Foto: divulgação</em></strong></div>
Não existe idade para tentar realizar o sonho de publicar um livro,
que o diga a escritora Inah Lins de Albuquerque. Aos 76 anos, em 2010,
lançou o primeiro de contos e crônicas: <em>A solidão e espaçosa</em>.
Quando ainda era estudante teve alguns contos publicados numa revista
literária do Rio de Janeiro, pois desde cedo foi estimulada pelo avô,
Ulysses Lins de Albuquerque, que era poeta e escritor e membro da
Academia Pernambucana de Letras. Durante muito tempo ela ficou
escrevendo para si mesma e guardando em gavetas.<br />
Inah, Advogada de formação e aposentada desde o ano 2000, sofreu um
pouco para retomar aos textos ficcionais porque o “juridiquês
dificultava voltar ao coloquial dos textos literários”, analisa. Foi
então que resolveu entrar na oficina literária de Raimundo Carrero e
recomeçou a escrever, participando de coletâneas publicadas anualmente
pela Editora Bagaço e coordenadas por Carrero.<br />
“Desde adolescente lia os livros da biblioteca do meu avô e na
Faculdade Federal de Direito do Recife, onde estudei, trocava livros com
colegas, entre os quais o poeta Carlos Pena Filho e outros que
apreciavam a literatura”, diz. Sempre atenta à leitura e sabendo que sem
ela não poderia ter uma boa base para escrever, teve a grande chance de
cedo reunir uma bagagem razoável de conhecimento, lendo clássicos com
voracidade, como Virgínia Woolf, sua escritora preferida. Mas também
outros fizeram e fazem parte da sua estante, como James Joyce,
Marguerite Duras e Machado de Assis.<br />
<img alt="A solidão é espaçosa " class="aligncenter size-full wp-image-469" height="401" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/21784059_41.jpg" width="249" /><br />
Depois de dois anos sem lançar outro livro, Inah diz que já está produzindo uma novela com o título provisório de <i>O Outro</i>.
“Após a publicação do meu único livro até agora, a sensação de vazio me
tomou de assalto, o que entendo por não ter seguido o conselho de
Flaubert que, após a publicação de um livro, o autor não o deve reler.
Senti uma espécie de depressão pós-parto, acredito que faça parte do
processo criativo” analisa.<br />
Histórias não faltam para ela, que exerceu por alguns anos o cargo de
chefe de Cerimonial no Governo Arraes. “Convivi com figuras
internacionais muito interessantes, o que veio me acrescentar um valor
cultural incalculável”, relembra.<br />
A solidão pode-se tornar espaçosa para pessoas que deixam que isso
aconteça. Para essa senhora, no auge dos seus 78 anos, a possibilidade
de viver sem literatura poderia propiciar uma vida solitária, mas para
ela, muito mais do que um simples rascunho no papel, a ficção é um
estímulo de vida. “Foi a minha salvação. Ai de mim se não escrevesse”,
finaliza.<br />
</div>
<footer class="entry-meta">
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</footer>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-42220148382745304182013-03-26T05:41:00.001-07:002013-03-26T05:41:33.163-07:00O ofício da escrita<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHjiegdhksTvA7kZJIHyNzJPhlYKKk4QzDiDrFvaloaKWhmIVLOsH8sdLf9YkKwmGyl19oSwYB36Z9dJqIqirwWnkuCCEAWc7FB5-Ib8h-d1Xnduao8zX7ZvTb0wJovuaqIijwcdDkJdEs/s1600/logo42.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHjiegdhksTvA7kZJIHyNzJPhlYKKk4QzDiDrFvaloaKWhmIVLOsH8sdLf9YkKwmGyl19oSwYB36Z9dJqIqirwWnkuCCEAWc7FB5-Ib8h-d1Xnduao8zX7ZvTb0wJovuaqIijwcdDkJdEs/s320/logo42.png" width="320" /></a></div>
<header class="entry-header">
<h1 class="entry-title">
O ofício da escrita</h1>
<div class="entry-meta">
<span class="sep">Publicado em </span><a href="http://www.angustiacriadora.com/?p=397" rel="bookmark" title="12:04 am"><time class="entry-date" datetime="2013-03-11T00:04:14+00:00">11/03/2013</time></a> </div>
</header>
<div class="entry-content">
No primeiro texto do projeto<em> Eu escritor</em>, a autora Gerusa
Leal fala sobre a leitura como fonte inesgotável de aprendizado,
principalmente para os que pretendem seguir o ofício da escrita. Ao
final, ela faz uma proposta de exercício baseado no conto<em> A Cartomante</em>, de Machado de Assis. Divirtam-se.<br />
<span id="more-397"></span><strong></strong><br />
<strong>Por Gerusa Leal</strong><br />
<img alt="Leitura" class="aligncenter size-full wp-image-487" height="350" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2013/03/Leitura.jpg" width="500" /><br />
<div style="text-align: center;">
<strong><em>Foto: internet</em></strong></div>
Escrever é um ofício. Para bem desempenhá-lo, precisamos ter pelo
menos noções, ainda que intuitivas, sobre como escrever com a maior
clareza possível. E nada melhor para chegar a um razoável domínio das
ferramentas com que se constrói uma obra de arte literária do que
exercitar o seu uso. Sem materializar as idéias, colocá-las no papel,
jamais se chegará a ser um escritor.<br />
No entanto, a mola mestra de toda e qualquer criação literária é a
leitura. O aprendizado das técnicas é útil, facilita a vida do escritor
mas, sem leitura, seu texto, provavelmente, nunca passará de desabafo,
catarse, confissão, relato. Não que não sejam opções válidas, mas sem a
profundidade e amplitude que só a leitura proporcionam, jamais chegarão a
ser prosa de ficção, muito menos de qualidade.<br />
A leitura, a boa leitura, é o mínimo indispensável na formação de um
escritor. Não apenas a leitura por entretenimento, essa também
importante. É preciso aprender a fazer também outros níveis de leitura.
Aprender a ler como um escritor. Pode-se até não se aprender a ser
escritor. Mas, com certeza, é possível aprender a ser melhor leitor.<br />
Nem sempre um bom leitor, por uma série de razões, inclusive uma
legítima falta de interesse no exercício do ofício, se torna um
escritor. Mas a maioria esmagadora dos bons escritores são, antes de
tudo, bons leitores. Ser um bom leitor não significa que se tenha que
ter lido todos ou sequer a maioria dos melhores livros já escritos no
mundo. Cada vez mais essa se torna uma meta inatingível. O que garante a
formação de um bom leitor é a qualidade de cada leitura em particular.<br />
E se além de um bom leitor se quer ser um escritor é preciso que se
aprenda a ler de forma que a leitura concentre a sensibilidade para o
conteúdo e o olhar crítico para a forma. Apreciar tanto o efeito
afetivo, emocional, curtir o prazer que uma boa leitura proporciona,
quanto se sentir estimulado a perceber, nem que seja apenas numa
segunda, terceira ou enésima leitura, detalhes da estrutura do texto que
conseguem o efeito que nos atinge – quando a obra é de boa qualidade,
bem realizada – como apreciação estética onde conteúdo e forma nos
mobilizam sentimento e raciocínio de maneira totalizante e unificada.<br />
<strong>Dica de leitura:</strong><br />
Conto A cartomante – Machado de Assis<br />
(você pode encontrá-lo no <a href="http://www.releituras.com/machadodeassis_cartomante.asp">http://www.releituras.com/machadodeassis_cartomante.asp</a>)<br />
Primeiro leia o texto uma vez, por prazer, acompanhando a narrativa
sem qualquer outra preocupação que desfrutar da leitura. Depois, faça
uma segunda leitura, se se interessar em praticar o exercício sugerido
abaixo.<br />
<strong>Exercício:</strong><br />
Perceba que a narrativa, afora nos diálogos, está toda escrita em
terceira pessoa. Procure identificar, ao longo do texto, em que pontos a
história poderia estar sendo contada por um terceiro que não participa
do enredo, em que pontos só se o narrador – sendo um terceiro – fosse
onisciente, ou se tratasse da própria personagem falando de si mesma em
terceira pessoa, poderia ter acesso aos sentimentos e/ou pensamentos
narrados.<br />
Pense nisso. Voltaremos ao assunto.<br />
Envio de exercício para o e-mail: <strong>neyandersoncavalcante@gmail.com </strong><br />
</div>
<footer class="entry-meta">
Esse post foi publicado em <a href="http://www.angustiacriadora.com/?cat=39" rel="category" title="Ver todos os posts em EU ESCRITOR">EU ESCRITOR</a> e marcado <a href="http://www.angustiacriadora.com/?tag=eu-escritor" rel="tag">Eu escritor</a>, <a href="http://www.angustiacriadora.com/?tag=gerusa-leal" rel="tag">Gerusa Leal</a> por <a href="http://www.angustiacriadora.com/?author=1">Ney Anderson</a>. Guardar <a href="http://www.angustiacriadora.com/?p=397" rel="bookmark" title="Link permanente para O ofício da escrita">link permanente</a>.
</footer>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-9392979325812008072013-03-26T05:37:00.000-07:002013-03-26T05:37:07.026-07:00Eu escritor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPAtI5ROpbgYfzrrvqtKZPeH5qAgsYjX553QoiqmNbt5KRR-NEHTdBi9GdnoYx9tt_wCz5KCt0Z32lvvsQw_BuDMv8B4OxLTDonmzln3Al_8OEg5be5O_iBWPzszaOO7TcCrOfKTeRsRUn/s1600/logo42.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPAtI5ROpbgYfzrrvqtKZPeH5qAgsYjX553QoiqmNbt5KRR-NEHTdBi9GdnoYx9tt_wCz5KCt0Z32lvvsQw_BuDMv8B4OxLTDonmzln3Al_8OEg5be5O_iBWPzszaOO7TcCrOfKTeRsRUn/s320/logo42.png" width="320" /></a></div>
Novo projeto do jornalista Ney Anderson<br />
<a href="http://www.angustiacriadora.com/?page_id=130">http://www.angustiacriadora.com/?page_id=130</a><br />
<header class="entry-header">
<h1 class="entry-title">
Eu escritor</h1>
</header>
<img alt="escrevendo" class="aligncenter size-full wp-image-351" height="275" src="http://www.angustiacriadora.com/wp-content/uploads/2012/11/escrevendo.jpg" width="620" /><br />
Todo bom leitor que se preze tem o desejo de torna-se um escritor.
Essa afirmação pode parecer muito arrogante, no entanto é bastante
verdadeira, basta dar uma conferida nos clubes de leitura, oficinas de
criação e saraus. Isso sem contar os diversos eventos do gênero no país.
Nos debates e mesas redondas entre autores,quando o microfone é
liberado para perguntas do público, as dúvidas e curiosidades quase
sempre são as mesmas: “Como você faz para escrever seus livros?”, ou
então “Qual o conselho para uma pessoa que pretende escrever ficção?”.
Os autores, lógico, falam coisas variadas, inclusive na tão falada
inspiração.<br />
Por isso, como forma de incentivo, o <strong>Angústia Criadora</strong>
montou um time de escritores: Cícero Belmar, Gerusa Leal, Raimundo de
Moraes e Fernando Farias, que irão mostrar como se faz para criar um
conto, romance, novela, poema etc, com dicas preciosas e muitos
exercícios. Vai ser uma aula por semana, com início em 11 de março de
2013, com duração de seis meses. Os melhores textos baseados nos
exercícios serão publicados aqui no portal.<br />
Curta nossa página no Facebook e compartilhe essa ideia.<br />
Você poderá ser um novo escritor. Por isso não deixe de acompanhar o site.<br />
<br />Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-33959584771339138942013-02-06T13:02:00.001-08:002013-02-06T13:02:39.007-08:00Literatura Infantil e Juvenil de Pernambuco para o Mundo<a href="http://lij-pe.blogspot.com.br/2013/02/entrevistamos-gerusa-leal-vencedora-do.html">http://lij-pe.blogspot.com.br/2013/02/entrevistamos-gerusa-leal-vencedora-do.html</a><br />
<br />
Entrevista a Antonio Nunes, um dos coordenadores do projeto Livro Infantil e Juvenil em Pernambuco<br />
<br />
<span class="Apple-style-span">Prezados amigos,</span><br />
<div>
<span class="Apple-style-span"><br /></span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">Um
dos motivos para que este blog viesse ao ar foi o de, além de
apresentar e difundir o trabalho de vários criadores de LIJ em
Pernambuco, preparar as bases para a realização do I Encontro
Pernambucano do Livro Infantil e Juvenil, realizado com êxito em agosto
de 2011, pelo que esperamos novas e melhores edições anuais. Há um
grande número de talentosos criadores de LIJ em Pernambuco, que precisam
se conhecer mais e melhor, unir forças e trabalhar em coletivo. Assim,
além de convidá-los a colaborar com materiais para este espaço virtual,
os convidamos a tomar parte neste projeto mais amplo que, sem dúvida,
será um marco para o setor em nosso estado. Abraços a todos, Telma
Brilhante e Antonio Nunes (Tonton) - Coordenadores do projeto. Contamos
com vocês!</span></div>
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</span>
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<h2 class="date-header">
<span>terça-feira, 5 de fevereiro de 2013</span></h2>
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<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4037178152628575433" name="7265124101432910894"></a>
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name">
Entrevistamos Gerusa Leal - vencedora do Prêmio APL na Literatura Infantil
</h3>
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</div>
<div class="post-body entry-content" id="post-body-7265124101432910894" itemprop="description articleBody">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizmVfDmSdWIhIxNRwjVzZAlaVOZ0EKBfz8JTfsLU0sWF_hkuGugem8KUDmeFWOUglESzSc_QMWK0gyNpEpkniT1PVfDykFBhLd8mDT8z100ejrQ_R3kCYCZN4oC5GhFHWfbF277Cs1DLn7/s1600/Gerusa+Leal.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizmVfDmSdWIhIxNRwjVzZAlaVOZ0EKBfz8JTfsLU0sWF_hkuGugem8KUDmeFWOUglESzSc_QMWK0gyNpEpkniT1PVfDykFBhLd8mDT8z100ejrQ_R3kCYCZN4oC5GhFHWfbF277Cs1DLn7/s320/Gerusa+Leal.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
É com prazer que trago ao público entrevista (por e-mail) com a
escritora Gerusa Leal, ganhadora do Prêmio Elita Ferreira de Literatura
Infantil de 2012, promovido pela Academia Pernambucana de Letras (APL),
com o livro “Carolina”. Além de um maravilhoso conteúdo, o "papo" foi
recheado de bom humor. Vale a pena conferir!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<em>Querida amiga,</em></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<em>Antes de qualquer coisa, devo confessar a surpresa que foi sabê-la
vencedora na categoria literatura infantil, pois não tinha ideia de que
também produzia neste segmento, bem como da gostosa sensação de saber
que o livro vencedor leva o nome de “Carolina”, que me é tão querido,
pois é o nome de minha esposa.</em></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">A surpresa foi para mim também, Antonio. Não
tenho a falsidade de dizer que não esperava algum retorno, se não
esperasse, para quê teria me inscrito? Mas não tinha muita expectativa
não, uma menção honrosa e/ou até nenhuma menção já seria um retorno
interessante, me diria o quanto ainda me falta trilhar nessa trilha. E
muito falta. Mas ser meu texto “o” premiado do ano, alegremente me
surpreendeu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Este é o seu primeiro livro infantil? De que trata ou quem é “Carolina”?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Eu nunca escrevi literatura infantil. Minto:
fiz algumas tentativas de esboçar um texto infanto-juvenil, mas que
larguei pelo caminho, sempre achei muito difícil escrever para crianças.
As crianças são um público muito exigente, e os paradigmas delas não
são os do mercado (se bem que o mercado influencie, vez que influencia o
público-alvo), os da academia. A criança gosta do que gosta. E a gente,
ao longo da vida, vai se distanciando tanto da infância que fica
difícil dialogar com ela (até com a própria infância). Carolina, por
exemplo, não foi um texto escrito, em princípio, para crianças. Para ser
um texto “infantil”. Mas como eu criei um filho sem nunca estimular
nele a linguagem tatibitate, sempre conversando com ele como uma pessoa
completa no seu estágio de vida, nunca como um débil mental ou no máximo
um ser humano incompleto – como muita gente considera e com base nesse
ponto de vista assim lida com as crianças – acabei descobrindo que as
crianças entendiam Carolina como muito poucos adultos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Carolina, resumidamente - já que nenhum ser
humano (mesmo personagem de ficção) cabe numa caixinha de fósforo - é
uma menina dos seus 5, 6 anos no máximo, curiosa, com uma vida interior
muito rica, e persistente como uma mula nos seus propósitos...rs</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="2" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Se não, poderia nos falar um pouco desta sua produção?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Reafirmando, salvo uma tentativa frustrada,
que ficou pelo caminho, nunca escrevi intencionalmente, conscientemente,
para o público infantil. Carolina foi, inicialmente, fruto de um
exercício em uma oficina no SESC Santa Rita, em Recife, ministrada por
Maria José Duarte onde, dentre outras atividades, foi lido o texto
Leitura, do livro Infância, de Graciliano Ramos. O texto de Graciliano,
autobiográfico, tinha como tema o desinteresse do menino Graciliano e as
dificuldades e estratagemas do seu pai para que aprendesse a ler. A
proposta foi, no dia seguinte, levar um texto escrito onde a infância,
própria ou de outrem, fosse mote para a narrativa. E assim fizemos,
todos os participantes da dita oficina.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="3" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Você
utilizou memórias afetivas para compor este texto, das coisas de sua
infância ou de outras meninas ou crianças próximas a você?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Não há como escrever, para
qualquer público, sem acessar a memória afetiva. Quando se trata de
literatura infanto-juvenil, acredito, isso deve ser mais importante
ainda. E, sim, um personagem é sempre uma montagem. Tem sempre algo da
gente, tem sempre algo dos outros, tem sempre algo inventado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="4" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Como era a Gerusa criança, pensava em ser escritora? Nesta época, quais os seus livros prediletos?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">A Gerusa criança queria saber era
de ser criança. Uma menina moleca, que jogava chumbada com os amigos,
bola de gude, furão, e que fazia os melhores papagaios da rua, os que
voavam melhor e mais alto, tudo na época de cada brinquedo, como era
naquele tempo. Como uma criança muito introversiva, embora sociável,
sempre adorou ler, vício que adquiriu com um pai também leitor
inveterado e escritor tão autocrítico que acabou pouco publicando. Até
hoje a Gerusa criança prefere ler. Escrever foi uma brincadeira
descoberta outro dia, há uns dez anos quando, aposentada precocemente,
se valendo da legislação previdenciária da época e abrindo mão de um
quarto do salário, começou a procurar algo interessante para fazer. Em
criança, lia muito Monteiro Lobato, amava uma coleção ilustrada de
mitologia de um tio que até hoje tem pena de não saber onde foi parar
depois da morte dele, e como viciada em leitura não pode te dizer muito
mais sobre quais os livros prediletos, pois lia por vício mesmo. Quando
não tinha o que ler, lia até bula de remédio, lista telefônica,
dicionário...rs Mas estão vivos na memória ainda, ali pelos 10/11 anos,
livros como Dom Quixote, Moby Dick, Os três mosqueteiros, que o pai lhe
colocava nas mãos para que a menina Gerusa tivesse companhia em períodos
em que um problema antigo na articulação dos joelhos a deixava de cama,
impedindo-a de brincar de esconde-esconde na rua, subindo em árvores,
com os amigos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="5" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Como percebe a literatura infantil brasileira atual, notadamente a pernambucana?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Meu amigo, como se dizia, agora
você me apertou sem me abraçar...rs Eu hoje tenho pouquíssimo contato
com a literatura infantil brasileira, local ou estrangeira
contemporânea. Eu ainda lia muita literatura infantil, mas sem
discriminar a nacionalidade ou naturalidade do autor, quando meu filho
era criança. Desde bebê sempre li para ele, praticamente todos os dias,
até quando ele aprendeu a ler e não precisava mais da mãe decifrando as
letrinhas pra ele. Geralmente eram paradidáticos ou livros que me
descobriam nas prateleiras, onde a menina Gerusa captava que ali havia
uma vivência importante para ser partilhada com a criança filho dela.
Quem sabe, a partir de agora, Carolina me leve pela mão e eu comece a
ter mais contato com a literatura infantil? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;"><em><span style="color: black;">Comentário do editor deste blog: - Tomara!</span></em></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="6" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Qual a importância do ato de ler para as crianças? Como o(s) seu(s) livro(s) se insere(m) neste contexto?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Bom, eu acho que meio que já respondi essas
perguntas acima. E sou suspeita para falar, pois os livros sempre foram
(e acho que continuarão a ser, a seu modo), meus melhores amigos. A
primeira frase de sua pergunta, pontuada como está, permite pelo menos
duas respostas. É imensa a importância do ato de ler para as crianças,
acho que é um dos melhores presentes que um pai, uma mãe pode dar para
um filho, uma das maiores heranças, é ler para eles. As histórias
enriquecem o universo infantil, instrumentalizam as crianças para
lidarem com as questões que são próprias à fase de desenvolvimento
psico-sócio-sexual, além de serem bons companheiros, entretenimento de
primeira qualidade. A importância do ato de ler, (agora com vírgula)
para as crianças, é tamanha quanto a de descobrir um universo novo,
maravilhoso, inesgotável. É mais ou menos disso que trata Carolina.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="7" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">O
que você acha da afirmativa de alguns que dizem que a leitura de livros
vem perdendo espaço para as novas formas eletrônicas de literatura? E
de que, em um futuro não muito longínquo, embora não se saiba bem ao
certo quando, já não haverá mais livros na forma como os conhecemos em
nossa infância?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Olha, você deu azar, minha bola de cristal
foi pro concerto e até hoje a assistência técnica não vem encontrando
peça pra reposição...rs O futuro, só a Deus pertence. O que acho é que o
livro impresso tem um encantamento, mesmo para as novas gerações, que o
e-book não tem. Por outro lado, o e-book é muito prático. Se você tem
um tablet, aqueles livrões imensos, que você não levaria daqui pra lá
para ler no ônibus, por exemplo, você pode levar. Acho que, em se
tratando de livro, “qualquer maneira de amor vale a pena”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="8" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Neste sentido, qual a contribuição de eventos como a Bienal do Livro e da Fliporto que acontecem no segundo semestre deste ano?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Veja, eu sou muito auto-crítica.
Então, não poderia deixar também de ser “hetero”-crítica...rs Acho que
as bienais de livros estão se transformando, cada vez mais, em meras
feiras de livros. Tudo é feito em função de vender o produto livro.
Enquanto isso, a literatura, propriamente dita, à de boa qualidade, às
vezes passa longe. A Fliporto já é um evento mais diversificado,
prioriza as conversas, os debates, as exposições literárias – embora,
como todo mega-evento literário hoje em dia, para o meu gosto, abra
espaço demais para “celebridades”, muitas delas autoras de obras
literárias às vezes mais pobres do que alguns dos esquecidos bons
escritores locais<strong>.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="9" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">E de iniciativas como o concurso “Brincar de Escrever” e a “Casa do Livro Infantil e da Leitura de Olinda (CLILO)”?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Confesso a você, como já disse
antes, que não costumo circular no universo da literatura
infanto-juvenil – até agora. Carolina é um caso à parte. Depois de
nascer de um exercício em uma oficina no SESC Santa Rita, em Recife,
como todo texto meu, passou por inúmeras releituras, reescrituras,
reformulações, inclusive com a troca com amigos escritores. Tudo que
escrevo, negar seria a maior das ingratidões, mesmo que ele não tenha
lido uma linha, tem o dedo de Raimundo Carrero, com quem fiz oficina
durante oito anos. De uns dois anos para cá, por conta do AVC de
Carrero, foi preciso lidar com a “orfandade” literária, enquanto ele se
recuperava. Então alguns de nós nos reunimos em grupos onde trocamos
sobre literatura e sobre nossos textos mais ou menos em pé de igualdade
pois não é oficina propriamente dita, são grupos de discussão, onde há a
abertura para colocar o texto na roda e - aprendizado de oficina -
ouvir como ele chega a cada um dos escritores/leitores do grupo. Estou,
há uns dois anos, me encontrando regularmente com um grupo que começou
despretensiosamente e assim se mantém, de amigos que escrevem, onde a
gente se reúne, come, bebe e trata de literatura. A coisa tem dado tão
certo em termos de trabalharmos nossos textos que batizamos o grupo de
Autoajuda Literária...rs Devemos lançar, em breve, um livrinho/coletânea
de micros e mínimos, fruto de nossa produção no ano passado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Mas eu fugi do assunto...rs Como eu te falei,
a época do ano é de curtir família, estou com pouco tempo para
literatura então, como alguém já disse, me desculpe a prolixidade,
faltou-me tempo para ser sintética...rs </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Enfim, Carolina só foi inscrita no
infanto-juvenil da APL porque a Academia todo ano nos envia a divulgação
dos concursos do ano, e na ocasião do de 2012 eu meio que acabava de
ter uma experiência que foi determinante para que eu quisesse “testar” o
texto inscrevendo ele num concurso. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">O escritor Fernando Farias me indicou para
uma participação no V Concerto de Leitura promovido pela Escola
Municipal Osvaldo Lima Filho, no Pina. Eu não queria ir, disse a ele, e à
coordenadora, que depois me ligou confirmando o convite, que eu não
escrevia para crianças. Foi-me dito que a escola tinha alunos no
primeiro e segundo graus então, para colaborar, arrebanhei um monte de
textos e para lá me fui com a sacola cheia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Lá chegando, me foi destinada uma turminha
acho que de terceira série, entre os seus 10/11 anos de idade. Sem saber
direito como me virar, comecei a ler textos meus em que tanto o
protagonista quanto o tema eram crianças. Tive que selecionar, porque
tenho vários nessa linha que não são, absolutamente, infantis. Para
minha surpresa, as crianças adoraram, e quando li Carolina, “li”, nos
rostinhos delas, que estavam acompanhando tudo, “sacando” tudo, rindo
nas “horas certas”, compreendendo uma narrativa que tem lá suas elipses,
lendo nas entrelinhas comigo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Saí de lá com um sentimento maravilhoso, mais
por perceber que há escolas como a Osvaldo Lima Filho onde as crianças
são preparadas não para apenas decodificar palavras, mas para
compreender ou atribuir de fato sentidos a um texto. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Mas logo em seguida a coisa ficou
caraminholando em minha cabeça. Será? Será que foi uma experiência
isolada, ou esse é um texto infantil apesar da sofisticação técnica que
às vezes me faz “ler” nos rostos de plateias adultas ares de burro
olhando pro presépio?...rs Então, como teste, inscrevi Carolina no
infantil da APL. Logo em seguida recebi a divulgação de um outro de
infanto-juvenil, este demandava mais textos, consegui selecionar entre
os que escrevo a meu bel-prazer, e que talvez sejam infanto-juvenis, o
suficiente para o número mínimo de páginas exigido. Sabe Deus no que
dará – ou não dará – mas em geral não acompanho os concursos de
infanto-juvenil. Aliás, depois da premiação do de poemas pela APL em
2005, raríssimamente tenho inscrito textos em concursos. Tenho preferido
ler, escrever, reescrever. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="10" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Que
recado você deixaria para as crianças pernambucanas, em especial para
aquelas que desejam, um dia, vir a ser escritoras como você?</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: navy;">Nossa, cara, é muita responsa dar
um recado para crianças, pernambucanas ou não...rs Como se trata de
literatura, meu recado para as crianças que gostam de ler é: leiam. Não
há maior prazer. Leiam o que gostarem. Leiam de tudo. Se ler for mesmo
sua praia, ao longo da vida você vai começar a aprender a selecionar os
melhores livros para ler. A prática é que leva à perfeição. Para aquelas
que desejam, um dia, vir a ser escritoras (sei lá se sou, há quem me
acuse de não querer ser escritora profissional e me confesso
culpada...rs), meu recado seria: não faltem às aulas. Prestem muita
atenção às aulas de português – ainda é assim que se chama?...rs Façam
todos os exercícios que forem solicitados. Tenham um bom dicionário e
uma boa gramática e consultem os dois sempre que precisarem ou até por
pura diversão. Procurem dominar a ortografia, a pontuação e a análise
sintática. E, acima de tudo, leiam, e leiam, e leiam.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
<ol start="11" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt;">Bom, a palavra é sua, este espaço é livre para as considerações que desejar apresentar...</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: blue;"><span><span style="color: #351c75;">Só
agradecer seu convite para a entrevista e parabenizá-lo e a todos os que
vêm criando e mantendo espaços de resistência, de cultivo, de estímulo à
criação, como são, por exemplo, as iniciativas “Brincar de Escrever” e a
“Casa do Livro Infantil e da Leitura de Olinda (CLILO)”. Nós, crianças,
agradecemos <span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Wingdings;">J</span></span></span><span style="color: navy;"><span style="color: #351c75;"> Abraço fraterno</span>.</span></span></div>
<br />
Nós que agradecemos, Gerusa. E que muitos outros bons livros infantis ganhem vida em seus escritos.
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<br />Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-87814300572235335692013-02-06T12:40:00.003-08:002013-02-06T12:40:27.158-08:00Academia Pernambucana de Letras comemora 112 anos<a href="http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-pe/t/edicoes/v/academia-pernambucana-de-letras-comemora-112-anos/2366675/">http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-pe/t/edicoes/v/academia-pernambucana-de-letras-comemora-112-anos/2366675/</a>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-82976906439359199552013-02-06T12:35:00.001-08:002013-02-06T12:35:22.129-08:00Deu na imprensa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTjwAXRLfKtTXCOFQctWfX-FI0n8qTbgxvoCeCjKGp1xO2jL26VFQIPIPRWZO-NXV3J6iY40Wf-s5QMsz4iagEB5utSK8rHtAQC3rNzSEv54b3aYV7xYKB13cJfATbE67Y-2DDZYa1O9EF/s1600/398068_4368546491102_1675135768_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTjwAXRLfKtTXCOFQctWfX-FI0n8qTbgxvoCeCjKGp1xO2jL26VFQIPIPRWZO-NXV3J6iY40Wf-s5QMsz4iagEB5utSK8rHtAQC3rNzSEv54b3aYV7xYKB13cJfATbE67Y-2DDZYa1O9EF/s320/398068_4368546491102_1675135768_n.jpg" width="320" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-11884086568848309722013-02-06T12:15:00.004-08:002013-02-06T12:15:51.089-08:00Resultado dos prêmios literários da Academia Pernambucana de Letras 2012Postagem na linha do tempo de Cláudia Cordeiro<br />
<br />
<span class="userContent"><a data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100001302188563&extragetparams=%7B%22group_id%22%3A0%7D" href="https://www.facebook.com/cassio.cavalcante.98?group_id=0" id="js_19">Cássio Cavalcante</a> enviou-nos o resultado da<br /> PREMIAÇÃO 2012 da ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS<br /> A solenidade de entrega dos prêmios será no dia 25 de janeiro de 2013. <br /> E olha só a nossa amiga Gerusa Leal conquistando o PRÊMIO Elita Ferreira <span class="text_exposed_show">–
Literatura Infantil. Gerusa é um das premiadíssimas da Fliporto Digital
- TOC 140 e Pernambucanidade em Jogo (foto: entre Marcílio Medeiros e
Thiago Lima). <br /> PARABÉNS, Gerusa! PARABÉNS a todos!<br /> <br /> PRÊMIO Leonor Corrêa de Oliveira<br /> VENCEDOR<br /> ESCRITOR PEDRO HUMBERTO FERRER DE MORAIS<br /> LIVRO: “REPÚBLICA DA CACHAÇA, VITÓRIA DE SANTO ANTÃO”<br /> <br /> PRÊMIO Edmir Domingues – Poesia<br /> VENCEDOR<br /> ESCRITOR CIRO JOSÉ TAVARES DA SILVA<br /> LIVRO: "ANÊMONAS"<br /> <br /> MENÇÃO HONROSA:<br /> ESCRITORA SÔNIA CARNEIRO LEÃO<br /> LIVRO: “REMENDANDO TRAPOS”<br /> <br /> ESCRITOR FÁBIO CAVALCANTE DE ANDRADE<br /> LIVRO: “A TRANSPARÊNCIA DO TEMPO”<br /> <br /> ESCRITOR LÚCIO FERREIRA<br /> LIVRO: “O PÁSSARO E O MAPA<br /> <br /> ESCRITORA BARTYRA SOARES<br /> LIVRO: “ARQUIRTETURA DOS SENTIDOS<br /> <br /> PRÊMIO Amaro Quintas – História de Pernambuco<br /> VENCEDOR:<br /> ESCRITOR GEORGE FÉLIX CABRAL DE SOUZA<br /> LIVRO: “TRATO & MOFATRAS: O GRUPO MERCANTIL DO RECIFE COLONIAL”<br /> <br /> MENÇÃO HONROSA:<br /> ESCRITORES JACQUES RIBEMBOIM E JOSÉ RIBEMBOIM,<br /> LIVRO: “UMA OLINDA JUDAICA (1537-1631)”<br /> <br /> PRÊMIO Vânia Souto Carvalho – FICÇÃO<br /> VENCEDOR:<br /> ESCRITOR CÍCERO BELMAR<br /> LIVRO:“AQUELES LIVROS NÃO ME ILUDEM MAIS”<br /> <br /> MENÇÃO HONROSA:<br /> ESCRITORA EDNA MARIA CABRAL DE ALCÂNTARA<br /> LIVRO: “LUA FRIA”<br /> <br /> ESCRITOR PAULO CALDAS<br /> LIVRO: “PORTO DOS AMANTES”<br /> <br /> PRÊMIO Antônio de Brito Alves – Ensaio<br /> VENCEDOR:<br /> ESCRITOR PEDRO NUNES FILHO<br /> LIVRO: "GUERREIRO TOGADO" <br /> <br /> MENÇÃO HONROSA:<br /> ESCRITOR FLÁVIO HENRIQUE ALBERTO BARYNE<br /> LIVRO: “EDUCAÇÃO & REPUBLICANISMO. EXPERIMENTOS ARENDTIANOS PARA UMA EDUCAÇÃO MELHOR”<br /> <br /> ESCRITORA IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO<br /> LIVRO: “UM CAMINHO PARA MARX”<br /> <br /> PRÊMIO Elita Ferreira – Literatura Infantil<br /> VENCEDORA:<br /> ESCRITORA GERUSA LEAL<br /> LIVRO: “CAROLINA”<br /> <br /> PRÊMIO DULCE CHACON – ESCRITORA NORDESTINA <br /> VENCEDORA:<br /> ESCRITORA LUCIENE FREITAS<br /> LIVRO: "LIBERDADE AMORDAÇADA"<br /> <br /> Data: 25 de janeiro de 2013 – Solenidade de Aniversário</span></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-46279933945295142872013-02-06T12:09:00.003-08:002013-02-06T12:09:35.138-08:00PremiaçõesDa linha do tempo de Cleyton Cabral, no Facebook<br />
<br />
<div class="fbPhotoContributorName" id="fbPhotoPageAuthorName">
<a class="taggee" data-hovercard-instant="1" data-hovercard="/ajax/hovercard/hovercard.php?id=100000519408262&media_info=0.567783463248962&type=mediatag" data-tag="100000519408262" href="https://www.facebook.com/achecleyton">Cleyton Cabral</a></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoPageCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">O grupo autoajuda literária em fase de grandes comemorações. Os super
queridos Cícero Belmar e Gerusa Leal premiados no concurso da academia
pernambucana de letras. ♥♥♥</span></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4CKBCxXayvVFFtXqJx4MneorcsJ0muaWdocq6Nb8n5xrDftS1P9i2r37AE_oxw0_AcDeBuctwt8OTBYRofvmX8T9y0nqk_bCxLLMiYZP2JEzHIozbpXwjBgQCGWaQCHF8IxgHKmCeWDj/s1600/74385_567783463248962_812769473_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4CKBCxXayvVFFtXqJx4MneorcsJ0muaWdocq6Nb8n5xrDftS1P9i2r37AE_oxw0_AcDeBuctwt8OTBYRofvmX8T9y0nqk_bCxLLMiYZP2JEzHIozbpXwjBgQCGWaQCHF8IxgHKmCeWDj/s320/74385_567783463248962_812769473_n.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<span class="fbPhotoTagList" id="fbPhotoPageTagList"></span><br />
<span class="fbPhotoTagList" id="fbPhotoPageTagList"><span class="fcg"></span></span>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-47065684721649625282013-02-06T11:30:00.001-08:002013-02-06T11:34:31.556-08:00Revista MetáforaA publicação é sempre de excelente qualidade. Vale a pena conferir todas, da primeira à quarta capa. Esta (Ano 2 - N 15 - 2012) tem como tema Escrita Criativa. Vale conferir. Aqui, uma palhinha, só pra botar água na boca.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-21257006611722737352013-01-25T08:02:00.005-08:002013-01-25T08:04:34.630-08:00<!--[if !mso]>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<h1>
<span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 14.0pt;">ACADEMIA
PERNAMBUCANA DE LETRAS</span></h1>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PREMIAÇÃO 2012</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRÊMIO Leonor Corrêa de Oliveira</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">VENCEDOR</b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">ESCRITOR pedro humberto ferrer de morais</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “república Da cachaça, vitória de santo Antão”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRÊMIO Edmir Domingues – Poesia</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">VENCEDOR</b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">ESCRITOR ciro josé tavares da silva</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: "anêmonas"</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">menção
honrosa:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritora sônia carneiro leão</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “remendando trapos”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritor fábio cavalcante de andrade</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “a transparência do tempo”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritor lúcio ferreira</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “o pássaro e o mapa</span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 81.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritora bartyra soares</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “arquirtetura dos sentidos</span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 81.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRÊMIO Amaro Quintas – História de Pernambuco</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">VENCEDOR:</b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="text-transform: uppercase;">escritor
george félix cabral de souza </span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="text-transform: uppercase;">Livro: “trato
& moFatras: o gRupo mercantil do recife colonial”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="text-transform: uppercase;">menção honrosa:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="text-transform: uppercase;">escritores
jacques ribemboim e josé ribemboim, </span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="text-transform: uppercase;">LIVRO: “uma
olinda judaica (1537-1631)”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRÊMIO Vânia Souto Carvalho – FICÇÃO</b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">vencedor: </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritor cícero belmar </span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO:“aqueles livros não me iludem mais”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">MENÇÃO
HONROSA: </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">ESCRITORa edna maria cabral de alcântara</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “lua fria”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritor paulo caldas</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “porto dos amantes” </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRÊMIO Antônio de Brito Alves – Ensaio</b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">vencedor:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritor PEDRO NUNES FILHO</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: "gUERREIRO TOGADO"<span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">MENÇÃO
HONROSA:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritor FLÁVIO HENRIQUE ALBERTO BARYNE</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “eDUCAÇÃO & REPUBLICANISMO. eXPERIMENTOS ARENDTIANOS PARA UMA
EDUCAÇÃO MELHOR”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">eSCRITORA iVANILDE MORAIS DE GUSMÃO</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “UM CAMINHO PARA MARX”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRÊMIO Elita Ferreira – Literatura Infantil</b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">vencedorA: </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">ESCRITORA gerusa leal</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: “carolina”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="text-transform: uppercase;">Prêmio Dulce Chacon – escritora nordestina <span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="text-transform: uppercase;">vencedorA: </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">escritorA LUCIENE FREITAS</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold; text-transform: uppercase;">LIVRO: "LIBERDade amordaçada"</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Data: 25 de janeiro de 2013 –
Solenidade de Aniversário</div>
Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-60599085423298352512013-01-25T08:00:00.000-08:002013-01-25T08:00:01.304-08:00Bom dia PernambucoVídeo sobre a sessão de aniversário da Academia Pernambucana de Letras e entrega dos prêmios literários 2012 da APL<br />
<br />
<a href="http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-pe/t/edicoes/v/academia-pernambucana-de-letras-comemora-112-anos/2366675/">http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-pe/t/edicoes/v/academia-pernambucana-de-letras-comemora-112-anos/2366675/</a>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-46833516134231988242013-01-25T07:08:00.003-08:002013-01-25T07:08:30.286-08:00EUTONIA - Revista de Literatura e Linguística<a href="http://www.revistaeutomia.com.br/v2/">http://www.revistaeutomia.com.br/v2/</a><br />Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-70601558276514057472013-01-25T06:54:00.003-08:002013-02-06T12:23:02.170-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2z_esIfCzVe2F73pU0j1fJ2i01sGwKDM4ZHjvjiMzjvtiSHSevd0jWK0HBVkQC_oXKsfZ-zbMB_ZgLqaUthNSYgpkn6FxLb4PqpC7AMvO3XebJ1y1Wlfw4rHXA0r1mIS-Y5R671JdN9Ey/s1600/Eutonia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="61" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2z_esIfCzVe2F73pU0j1fJ2i01sGwKDM4ZHjvjiMzjvtiSHSevd0jWK0HBVkQC_oXKsfZ-zbMB_ZgLqaUthNSYgpkn6FxLb4PqpC7AMvO3XebJ1y1Wlfw4rHXA0r1mIS-Y5R671JdN9Ey/s320/Eutonia.jpg" width="320" /></a></div>
<a href="http://www.revistaeutomia.com.br/v2/wp-content/uploads/2013/01/GERUSA-LEAL.pdf"></a><br />
<a href="http://www.revistaeutomia.com.br/v2/wp-content/uploads/2013/01/GERUSA-LEAL.pdf">EUTONIA - Revista de Literatura e Linguística</a><br />
<br />
Nossa colaboração para edição do segundo semestre 2012 da Revista<br />
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Gerusa Leal</div>
<br />
<b>Mas hoje ainda não</b><br />
<br />
Sempre chove no dia dos mortos<br />
já são três horas da tarde<br />
e hoje ainda não choveu.<br />
O Captain! my Captain! Rise up and hear the bells.<br />
Hear the sound of silence as well.<br />
Sempre chove no dia dos mortos<br />
mas hoje ainda não choveu.<br />
<br />
No limiar do outro mundo<br />
em fila eu vejo os meus<br />
que antes de mim se encantaram.<br />
O Captain! my Captain!<br />
Sempre chove no dia dos mortos<br />
e os olhos dos céus se nublaram<br />
mas hoje ainda não choveu.<br />
<br />
E se antes do fim do dia<br />
a chuva me alcançar<br />
não encontrará casa limpa<br />
nem mesa posta também<br />
e nada estará no lugar.<br />
<br />
O Captain! my Captain!<br />
que o poema encontre os versos<br />
que dizem de aproveitar<br />
o dia que já se finda.<br />
Pois sempre chove no dia dos mortos<br />
mas hoje não choveu ainda.<br />
<br />
<br />
<br />
<b>Ventos de inverno</b><br />
<br />
Ser galho seco e quebradiço já no chão<br />
o oscilar do ramo donde o pássaro levantou vôo<br />
a rachadura na lama seca<br />
pisoteada pelos passantes; ser o toque<br />
a fome, o giro do mundo: nada<br />
além do que fica quando cessa o som<br />
da folha levada pelo vento.<br />
<br />
<br />
A escuridão que fica após se consumir a vela por inteiro<br />
mil não-entidades que se dispersam, nada<br />
além do espaço que nunca se ocupou.<br />
<br />
Ser o silvo, o zapt, o [ ]<br />
que ainda não chegou e nem virá<br />
mas inda assim mora no ventre<br />
do futuro<br />
ou de um passado que um dia se inventou.<br />
<br />
Beber do cheiro do chá, do café, da sopa<br />
do que mora além do olhar<br />
da dor/desejo do ventre pelo orgasmo.<br />
<br />
Ser horizonte, arco-íris, nuvem<br />
Quimera, Grifo, Unicórnio.<br />
<br />
Fazer de conta que é de carne e osso<br />
mesmo sabendo que a mais leve brisa<br />
mero roçar de desalento pela pele<br />
basta para simplesmente deixar de<br />
ser tempestade, tsunami, furacão<br />
orvalho, anoitecência,<br />
vibração de asas de uma borboleta colorida.<br />
<br />
De concreto e aço sabendo<br />
que os espaços vazios é que sustentam<br />
toda a construção.<br />
<br />
Acreditar em todos os deuses<br />
tendo certeza de que não há nenhum<br />
cometer tanta injustiça que de repente<br />
o sentido do absurdo se revele.<br />
<br />
Abandonar o sólido e o visível: passar.<br />
<br />
<br />
<b>Caçada</b><br />
<br />
deu na tv, vocês viram?<br />
os caras correndo lá embaixo<br />
no morro aquele alvoroço, os gritos a debandada (e não foi legal?)<br />
<br />
os caras de uniforme metendo a bala e o braço<br />
cada passo um balaço (não é fenomenal?)<br />
<br />
caçada de helicóptero na tua tv a cabo<br />
discovery, discovery, igualzinho (tem que ver)<br />
<br />
e todo mundo vibrou<br />
e todo mundo aplaudiu<br />
e todo mundo chorou<br />
<br />
a classe média aos sorrisos foi ao céu, ao paraíso<br />
tropa de elite, de vera, heroísmo pra valer<br />
emoções fortes, entretenimento (sofrimento? qualé mermão?)<br />
<br />
e todo mundo bebeu<br />
e todo mundo fumou<br />
e todo mundo comeu<br />
e todo mundo trepou<br />
<br />
eu-caçador-atirador-alvo<br />
dependurado do helicóptero (um tiro na testa)<br />
rojão na festa que ninguém previu (priiiuuu)<br />
<br />
mas como se eu estava aqui tão protegido<br />
atrás da tela da minha tv, do raio do computador?<br />
(atrás das páginas tais dos tablóides da paróquia)<br />
<br />
um furo no jornal, a bala (mas ó que merda)<br />
com certeza, mesmo na testa, veio por trás<br />
uma bala inteligente (perdida ou nada mais?)<br />
<br />
http://www.revistaeutomia.com.br/v2/ Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-82505556009827617852013-01-08T05:22:00.002-08:002013-01-08T05:22:19.324-08:00Do mural de Adelaide do Julinho no Face<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTUsPx1_OiyWHB7VXBXJrLZGoV6rowA3hY3yfhw4o3ticqZLTRnBcOTc57VDcbI_tRIscbAwq7kNYpcbkTxb_Sf7cwDL0ThdoBSvWhPnhqOrLQDZuZw1S2-bHU87Z-rg-f0AdW0arbJ6r2/s1600/Sofia+Loren.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTUsPx1_OiyWHB7VXBXJrLZGoV6rowA3hY3yfhw4o3ticqZLTRnBcOTc57VDcbI_tRIscbAwq7kNYpcbkTxb_Sf7cwDL0ThdoBSvWhPnhqOrLQDZuZw1S2-bHU87Z-rg-f0AdW0arbJ6r2/s320/Sofia+Loren.jpg" width="212" /></a></div>
<div class="clearfix fbPhotoSnowliftAuthorInfo">
<div class="lfloat" id="fbPhotoSnowliftAuthorPic">
<a href="https://www.facebook.com/adelaidedojulinho"><img alt="" class="_s0 _rw img" src="https://fbcdn-profile-a.akamaihd.net/hprofile-ak-snc6/203190_1293385652_2113731589_q.jpg" /></a></div>
<div>
<div class="fbPhotoContributorName" id="fbPhotoSnowliftAuthorName">
<a data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1293385652" href="https://www.facebook.com/adelaidedojulinho">Adelaide Do Julinho</a></div>
<div class="mrs fsm fwn fcg">
<span id="fbPhotoSnowliftSubscribe"></span><span id="fbPhotoSnowliftTimestamp"><abbr class="timestamp livetimestamp" data-utime="1357609799" title="Segunda, 7 de janeiro de 2013 às 22:49">há 11 horas</abbr> </span></div>
<span id="fbPhotoSnowliftViewOnApp"></span><span id="fbPhotoSnowliftUseApp"></span></div>
</div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br /><div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_50ec1ca2f19ec7057777069">
↓<br /> <br /> Pressa<br /> [<a data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1211134072&extragetparams=%7B%22group_id%22%3A0%7D" href="https://www.facebook.com/gerusa.leal?group_id=0">Gerusa Leal</a>]<br /> <br /><span class="text_exposed_show"> A menina no ônibus a olhava com ar<br /> de mofa. Só no trabalho quando se<br /> viu no espelho é que sacou que tinha<br /> vestido o corpo pelo avesso.</span></div>
</span></span>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-78110740095577545012012-12-27T16:06:00.001-08:002012-12-27T16:07:27.916-08:00Poema Ex-finge, na voz de Meimei Corrêa<a href="https://www.youtube.com/watch?v=_S62sHRm1ng">Programa Domingo Romântico</a><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://0.gvt0.com/vi/_S62sHRm1ng/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/_S62sHRm1ng&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><param name="allowFullScreen" value="true" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/_S62sHRm1ng&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true"></embed></object></div>
Poema Ex-finge, na voz de Meimei Corrêa - Programa Domingo Romântico - Luiz Alberto Machado e Meimei Corrêa<br />
<br />
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<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-size: 18.0pt;">Ex-finge</span></b><span style="font-size: 18.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">Gerusa Leal</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">percorre as veredas do meu
corpo<span style="mso-tab-count: 4;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">verás que ainda há parte do
humano</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">que fui quando assim fingia
ser</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">tateia com vagar todos os
flancos</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">desse ser tão incomum igual a
ti</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">de quatro talvez me
descortines</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">de quatro animais encontras
partes</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">à minha humanidade
amalgamada</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">cabeça e seios de mulher</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">corpo de touro (ou de cão se
assim preferes)</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">garras de leão asas de ave</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">e essa imensa cauda de dragão</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">não temas, amado, inda sou eu</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">a mesma que desconhecendo,
amastes</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">e se duvidas de mim, olha no
espelho</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;">verás que, enfim, me
decifrastes</span></div>
<br />
<br />Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-66269519944878450112012-12-27T04:17:00.000-08:002012-12-27T04:21:30.369-08:00Blecaute - Uma Revista de Literatura e Artes<h2 class="entry-title">
<a href="http://revistablecaute.com.br/blecaute-no-13/" rel="bookmark" title="Ligação permamente para BLECAUTE Nº 13">BLECAUTE Nº 13</a></h2>
<h2 class="entry-title">
<a href="http://revistablecaute.com.br/">http://revistablecaute.com.br/</a></h2>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-gDqyCv2OQSNxNX7txKR7tK32TvHNOvDbGjB9F8EIi2RJlYG_rH8Mv-LRU2nM6CnIG8cxTdFD3XSJaK3WRmvFmq2tclVfqRIf7XvWgwJnT4Cv2Ay85TsvVQGzMPk3sRsfLsHtect0x-ni/s1600/editorialRB13.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-gDqyCv2OQSNxNX7txKR7tK32TvHNOvDbGjB9F8EIi2RJlYG_rH8Mv-LRU2nM6CnIG8cxTdFD3XSJaK3WRmvFmq2tclVfqRIf7XvWgwJnT4Cv2Ay85TsvVQGzMPk3sRsfLsHtect0x-ni/s640/editorialRB13.jpg" width="451" /></a></div>
<h2 class="entry-title">
A edição está ótima, vale conferir da primeira à última página. </h2>
<h2 class="entry-title">
<span style="font-size: small;"><span style="font-weight: normal;">Meu conto na edição:</span></span></h2>
<h2 class="entry-title">
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<h2 class="entry-title">
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<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Na ponta dos dedos</span></span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Gerusa Leal</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Cabeça erguida, nariz
empinado, não tem satisfações a dar aos cachaceiros no bar da esquina. Nem às
vizinhas espiando pelas brechas das janelas que escuta fechar quando deseja boa
noite dizendo-lhes o nome. <span style="color: red;"></span></span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Atravessou o pontilhão
sobre o riacho quase seco que corta a mata rala por trás do barraco. De taipa,
dois aposentos; parecia que desabava se batessem a porta com mais força.
Escuro. Levantou o capacho, a chave estava lá. Entrou tateando as paredes.
Achou o candeeiro, ainda um pouco de querosene; o fósforo no lugar de sempre. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Precisava de um banho. O
banheiro, nos fundos do barraco, um cubículo improvisado com tábuas catadas em
restos de construção. O chuveiro, um latão de tinta que encheu com água tirada
do poço com o balde. Puxando um barbante, virava despejando em outra lata cheia
de furos no fundo abertos com prego e martelo, improviso do irmão enquanto
ainda morava lá. Sentiu a água fria escorrendo sobre as roupas suadas e <span style="color: black;">fedidas</span> como se fosse um bálsamo. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Foi tirando peça por peça
com a ponta dos dedos. Pegou o pedaço de sabão amarelo numa das brechas das
tábuas, esfregou, agachou-se, enxaguou na água da bacia. Torceu, pendurou tudo
na corda. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A noite era de lua. O
barraco era o último da rua antes do rio, ficava isolado por um terreno baldio
cheio de bananeiras. Os galhos secos dos arbustos perto do riacho não se
moviam, a estiagem deixava o tempo abafado. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Puxou o barbante deixando
a água escorrer sobre o corpo nu. Esfregava <span style="color: black;">com</span>
força até a <span style="color: black;">pele arder</span>. Voltou para dentro do
barraco se enxugando com a toalha. Largou o corpo no cobertor puído sobre o <span style="color: black;">sofá de</span><span style="color: red;"> </span>onde pulava
uma mola. O silêncio só não era maior porque depois que se aquietara o grilo
voltou a cantar. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Quando partiu, não pensou
que um dia <span style="color: black;">voltasse</span>. Muito menos assim. Nem
que senti<span style="color: black;">sse</span> falta do que deixou para trás.</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Estremeceu lembrando o
suíço que lhe confiscou o passaporte e deixou trancada junto com as outras,
quase sem comida. Ele sorria enquanto lhe sussurrava ao ouvido sei que gosta
disso mas precisa aprender a fazer bem feito eu estou aqui para ensinar. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A proposta de trabalho
era irrecusável. Arabela teria por volta de quinze, dezesseis anos, se tanto. O
registro de nascimento dizia que eram dezoito. Ia acontecer no exterior, ser
dançarina, quem sabe com um pouco de sorte até modelo. Desde criança treinava
caras e bocas na frente do espelho manchado e opaco na porta do guarda-roupa da
mãe. Que havia falecido enquanto ela estava fora. Tinha dado a maior força para
que aceitasse. Afinal que futuro ela ia ter ali, naquele fim de mundo, no meio
de ignorantes que não percebiam o talento da moça. Por despeito ou cobiça a
comiam com os olhos. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Foi a amiga que a indicou.
Não comentou detalhes. Pediu uma foto, que seguiu pelo correio. O suíço chegou
no carrão, quando estacionou na porta o lugar inteiro já sabia, o motorista
tinha parado para perguntar onde ela morava. Cercou-a de promessas, e ela foi. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Era obrigada a prestar
serviços por dezesseis a dezoito horas por dia. Acabou, como as outras, nas
drogas.</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">De repente uma paz, um
alívio ali sozinha. Um instante de culpa por não estar sentindo a falta da mãe.
</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Entrou no quarto, abriu a
porta do guarda-roupa presa apenas por uma dobradiça<span style="color: black;">,
aprumou</span><span style="color: red;"> </span>e se olhou no espelho. Bonita. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Não, ela tinha entendido
mal, não era bem isso, se estava ali era porque imaginava que Arabela tivesse
muita experiência e que poderia lhe ensinar a fazer coisas que tirassem o
marido do caso que estava tendo com uma colega do escritório, mas havia pensado
só numa conversa. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E o outro que depois de
fazer de tudo com ela veio contar que acabou o noivado de seis meses porque a
noiva tinha pedido para que ele a chamasse de putinha, lhe desse uns tapas,
pegasse forte, crente que ele ia se amarrar. Mas ele ficou chocado com a
iniciativa e gritou que não admitia que a mãe dos filhos dele parecesse uma
puta. Cafajestes.</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Uma puta. Respirou fundo,
cansada. Queria ser prostituta. Puta, não. Esse não é um desejo que se admita
nem para si mesma, mas já não tinha porque esconder dela própria. Queria ser
prostituta. Livre. Ser dançarina, modelo. Ganhar o próprio sustento e não
precisar vender o corpo feito as putas. Só queria se entregar sem regras, sem
condições, simplesmente se oferecer.</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Acariciou os seios,
deslizou as mãos sobre o ventre, alisou as coxas. Passou a ponta dos dedos de
leve sobre os pelos entre as pernas. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Só queria ser dona do
próprio nariz. Que vantagem havia em ser prostituta se para isso acabava
virando escrava? Puta.</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">No início não havia maldade,
só prazer. Do olhar, do sorriso, do toque. A mãe era quem a despertava para a
malícia, quando lhe mandava para dentro de casa se jogava bola de gude agachada
com mais três ou quatro meninos, quando lhe dizia para sentar direito, puxar a
saia, não sorrir tanto.</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Também não era bem assim
essa história de que puta não goza. Ela às vezes gozava, às vezes não. Mas o
grande prazer era o de não ser mulher de um homem só. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E eles queriam que ela
falasse disso quando a interrogaram depois que a polícia desmantelou o
cativeiro. Eles jamais entenderiam. <span style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: blue;"></span></span></span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Vestiu a calcinha e a
camiseta. Estava com fome. Achou uma bermuda, calçou a sandália e retornou ao
centro. No bar, pediu um café com leite, pão com manteiga. O cara na última
mesa levantou e se aproximou do balcão. Ela sorriu. Subiram para um dos
cômodos. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Quando desceu, pediu uma
cachaça. Bebeu de uma vez, sem olhar ao redor retomou o caminho de casa. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Àquela hora as ruas
estavam vazias. Aprumava o corpo. Mantinha a pose. </span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.3pt;">
<i><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Às vezes acordava sem
saber onde estava. Adormecia e as imagens se misturavam ela dançando no palco
desfilando na daspu jogando bola de gude o sorriso cínico do suíço o prazer a
dor os homens se sucedendo na cama a mãe morta o delegado o banho no quintal o
cheiro na ponta dos dedos o cara no bar a caminhada solitária pelas ruas
desertas aquilo não era hora de moça direita andar fora de casa.</span></span></i></div>
<i><span style="font-weight: normal;">
</span></i><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</h2>
Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-83085938653311839032012-12-26T05:36:00.003-08:002012-12-26T05:37:20.969-08:00RelevO - Edição de dezembro de 2012<a href="http://issuu.com/jornalrelevo/docs/relevo_-_edi__o_de_dezembro_de_2012">http://issuu.com/jornalrelevo/docs/relevo_-_edi__o_de_dezembro_de_2012</a><br />
<br />
Vale demais conferir. <br />
<br />
A edição traz um poema nosso:<br />
<br />
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<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: black; font-size: 16.0pt;">Pôr-de-sal</span></b><span style="color: black; font-size: 16.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">sentado sobre a pedra</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">o homem escuta o mar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">não o olha mais de frente</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">já não lhe teme a força</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">pois mesmo forte o rugido</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">pelas mãos de Deus contido</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">não ousa seus pés molhar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">o homem escuta o mar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">que já fez olhar tão longe</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">até onde o céu baixando</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">esconde o que vem de lá</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">não o olha mais de frente</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">agora tão diferente</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">de quando a alma nos olhos</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">imaginando tesouros</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">gostava de mergulhar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">já não lhe teme a força</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">pois sabe que em seu peito</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">a inundar-lhe de anseios</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">tão feroz quanto o primeiro</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">transborda um outro mar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">e mesmo forte o rugido</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">a urgência com que clama</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">aprendeu com as marés</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">a ir e depois voltar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">não ousa seus pés molhar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">pois receia que o desejo</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">de entregar-se ao infinito</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">suba ao seu corpo inteiro</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">e o leve de volta ao lar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">pela mão de Deus contido</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">senta o homem sobre a pedra</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">e apurando os ouvidos</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">escuta as vozes do mar</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: black;">Gerusa Leal</span></div>
<br />
<br />
<br />Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-38588119662734396382012-12-01T04:36:00.004-08:002012-12-01T04:42:32.822-08:00A importância do sertão na obra de Raimundo CarreroTexto da fala de Gerusa Leal na mesa em homenagem a Raimundo Carrero, em Arcoverde, na quarta edição da Jornada Literária Portal do Sertão, promovida pelo SESC Pernambuco<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWcRU9pGnQw7LZELd6lA_h1c1jjefsk4AmUyLuLm3qUkzeR_Dzgv9Ee6aIIaqMQ-QYKiztlXZSyYwceW4R3yOjcObXG3WKPSboHxgHXovtbTQQ3LTkWaEgtcrgvC9152GPhwTd_JtXZnD0/s1600/Jornada+Portal+do+Sert%C3%A3o+-+mesa+com+Carrero,+Nivaldo,+Marcelo+e+Thiago.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWcRU9pGnQw7LZELd6lA_h1c1jjefsk4AmUyLuLm3qUkzeR_Dzgv9Ee6aIIaqMQ-QYKiztlXZSyYwceW4R3yOjcObXG3WKPSboHxgHXovtbTQQ3LTkWaEgtcrgvC9152GPhwTd_JtXZnD0/s320/Jornada+Portal+do+Sert%C3%A3o+-+mesa+com+Carrero,+Nivaldo,+Marcelo+e+Thiago.jpg" width="320" /></a></div>
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<br />
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">A importância do sertão na obra de
Raimundo Carrero</span></i></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Gerusa Leal</span></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">"Como escritor, não
posso seguir a receita de Hollywood, segundo a qual é preciso sempre
orientar-se pelo limite mais baixo do entendimento. Portanto, torno a repetir:
não do ponto de vista filológico e sim do metafísico, no sertão fala-se a
língua de Goethe, Dostoievski e Flaubert, porque o sertão é o terreno da
eternidade, da solidão (...). No sertão, o homem é o eu que ainda não encontrou
um tu; por ali os anjos e o diabo ainda manuseiam a língua".</span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Guimarães Rosa </span></i><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-style: italic;"></span></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span class="style1"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Entrevista
conduzida por Günter Lorenz no Congresso de Escritores Latino-Americanos, em
janeiro de 1965 e publicada em seu livro: <i>Diálogo com a América Latina</i>.
São Paulo: E.P.U. 1973</span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span class="style1"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A partir dessa fala de Guimarães Rosa, acho que posso, sem
receio, afirmar que no sertão, do ponto de vista metafísico, psicológico, fala-se
a língua de Raimundo Carrero. E Raimundo Carrero fala a língua do sertão. Mesmo
se sertanejo não fosse. Pois a obra de Carrero, também, além de não seguir a
receita de Hollywood, se escreve no terreno da eternidade, da solidão. Nos
romances de Carrero, os personagens também são o eu que ainda não encontrou um
tu. Na estética de Carrero, também os anjos e o diabo ainda manuseiam a língua.</span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span class="style1"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mesmo, dizia eu, que sertanejo não fosse. E sendo, ainda
mais força tem o sertão, de todos os pontos de vista, na obra de Carrero. Ainda
quando a paisagem e o tema não são sertanejos, os personagens, em sua
psicologia, embora urbanos, trazem dentro de si alguma espécie de sertão. E não
podia ser diferente já que sertanejas são as raízes do escritor.</span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span class="style1"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No romance de estreia de Carrero, e na protagonista
escolhida, Bernarda Soledade, a tigre do sertão, a partir do título o sertão se
encontra presente. Mas o que chama a atenção, já nesse livro, é a força, a
densidade, a vastidão dos sertões interiores. É a psicologia da protagonista,
uma mulher seca na exteriorização dos seus atos, como secas parecem as fortes
mulheres do sertão, seca nos gestos, nas palavras, como era da cultura sertaneja
no tempo em que o romance é ambientado, como seco parece o sertão quando não
chove: </span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“- Naquelas matas, vamos caçar muitos cavalos. Em Puchinãnã,
falta um homem de músculos fortes. Poderia sair do meu ventre. Entretanto, não
passo de uma mulher seca. Nenhum homem quis pousar sobre o meu corpo alvo. E os
cavalos serão a presença do macho.”</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Carrero,
mesmo sendo sertanejo, costuma dizer que não conhece seca, pois em
Salgueiro chove muito. Além disso, fica difícil falar na importância do sertão,
região geográfica ou socioeconômica, pois teríamos que definir se falávamos do
sertão mítico, que persiste no imaginário principalmente de quem não é da
região, ou do sertão contemporâneo, que apesar de preservar cultura própria, já
assimilou tanto da cultura dos grandes centros urbanos. Os dois convivem, como
já disse Antônio Torres, sem se negar.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Os personagens de
Carrero não têm nada dos personagens tipo da literatura
regionalista. Então, não dá pra falar da importância do sertão na obra de
Raimundo Carrero sem reinventar o significado da palavra. </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Ariano Suassuna teria
dito que o sertanejo é um povo de sobrevivência. Euclides da Cunha, que é antes
de tudo um forte. Os personagens de Carrero todos lidam com a questão da
sobrevivência e todos são, a seu modo, fortes, mesmo quando precisam tirar essa
força de uma incomensurável fragilidade. Assim como todo ser humano. É desse
substrato sertanejo que nascem também as personagens de Sombra Severa, vivendo
paixões primitivas, com uma secura temperada de afetos que nunca se dizem de
todo.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Se há um sertão de
Guimarães Rosa, um sertão de Euclides da Cunha, um sertão de Ariano Suassuna, em
As sementes do Sol – O semeador, o leitor é apresentado ao sertão de Raimundo
Carrero, um sertão que, segundo o próprio escritor, foi criado como a região
geográfica Arcassanta, que pode ser uma fazenda, um povoado, uma cidade, ou
apenas um simples lugar deslocado do mapa, à beira da estrada, de um rio, de um
açude. Érico Veríssimo inventou Antares. Outros autores preferem nomear os lugares
pelo nome que receberam na tradição. Carrero diz preferir ter mais liberdade.
Sua região, seu sertão começou com Santo Antônio do Salgueiro, ou simplesmente
Salgueiro, e evoluiu para Arcassanta, porque, afirma o escritor, não sou
retratista, sou intérprete. Esse sertão, que Raimundo Carrero carrega para onde
for, aparece em algumas passagens de As sementes do Sol:</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“Terminada a reza, pesou sobre a sala um silêncio morto. O
silêncio da noite de Arcassanta. Um silêncio morto e suave. Um silêncio que beirava
a agonia. E sem qualquer ruído, enquanto as empregadas solícitas e caladas
providenciavam as outras comidas, os homens levantaram as cadeiras para se
sentar.” (...)</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;"> “Avistaram a casa-grande de Arcassanta. A casa – avarandada,
alta, pintada de branco, portas e janelas azuis – apareceu no meio da neblina.”
(...)</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“Parecia que retornava a Arcassanta, os chinelos
empoeirados, para conviver com fantasmas, almas penadas. Para escutar o bater
de portas e janelas abandonadas, sacudidas pelo vento.” (...)</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“Eram seis horas. Sabia porque de Arcassanta podia escutar
as batidas do sino da capela de Santo Antonio do Salgueiro. Batidas monótonas,
tristes, compassadas. Mais monótonas e mais tristes quando ouvidas à distância.
Na lonjura das idéias.” (...)</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“O cavalo fazia voltas, voltas, mas estava mesmo era
retornando para Arcassanta. Involuntariamente. Sem que ele, o cavalo, nem ele,
Absalão, tivessem forças para evitar.”</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Carrero não evita. Em O
amor não tem bons sentimentos, romance cujo cenário e temática são bem mais
urbanos, retorna a Arcassanta:</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“Agora me lembro do corpo de Biba nas águas barrentas do rio
em Arcassanta, e tenho certeza de que na verdade estava de cócoras, por causa
do hábito. Apenas de calça, sem camisa, repousava os braços nos joelhos, os pés
na lama. Não foi assim desde o começo, confesso que não foi assim. Disse aos
policiais tantas vezes, apesar das pancadas.”</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Arcassanta, o sertão de Raimundo Carrero,
aparece em outros romances, mesmo sem esse nome, de outras maneiras. Em Sombra
Severa, por uma narrativa de forma seca, com frases curtas e incisivas,
economia verbal que caracteriza o lacônico Judas. O sertão como região está
presente no romance, mas mais como paisagem para um enredo que se passa muito
mais dentro do que fora dos personagens. É do sertão de dentro que vêm também
as impressões, os pensamentos, as solidões de Judas:</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“Judas pensou em tudo isso depois que trouxe o tamborete,
sentou-se encostado na parede da casa, o alpendre recendendo a matos verdes, e
acendeu o cigarro, cuja fumaça – antecipada pelo vaga-lume do fósforo –
ensombreou o rosto ossudo e taciturno já escurecido pelas abas do chapéu,
ombros arriados, um olhar sofrido – o touro que o habitava -, gestos monótonos
de quem sabe que a noite não recua.”</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Carrero já disse, em outro
momento, que foi no Sertão, vendo os homens nas feiras, vendo os vaqueiros, que
sua vida começou a ter sentido. Não só os homens fortes e trabalhadores, os
vaqueiros, mas também os bêbados, os loucos, os fracassados. Não só os homens,
mas também as mulheres. Não só as mulheres secas e de uma virtude severa,
austera, mas também as prostitutas. </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Foi nesses homens e
mulheres observados desde a infância, primeiro no sertão, que também a vida de
seus personagens ganhou sentido. Já em As sementes do Sol – O Semeador, Carrero
reflete sobre questões que ganham características únicas sob o Sol de um sertão
que transmite a seus personagens a cultura e os valores de uma região, embora
sejam questões universais, como por exemplo as da religião, da morte:</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“As
vizinhas rezavam em torno do caixão. Davino e os filhos sentaram-se na mesa
para o almoço. Apesar da morte da esposa, não permitiu que alterassem os
hábitos da casa. Mesmo quando recebia os pêsames, ordenou que as empregadas
preparassem um cozido gordo. Não admitiu sequer que Mariana, tão frágil quanto
um vulto, permanecesse ao lado do caixão. Desejava todos na mesa, todos. (...)</i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Davino fez o Nome-do-Pai. Todos o acompanharam. Segurando
uma velha Bíblia de capa negra, rezou o salmo. Terminada a oração, os talheres
tiniam. Mariana, mais ausência do que vida, colocou umas poucas colheradas no
prato. As lágrimas escorriam pela face. Lutava para servir-se. Escutavam-se,
vindos da sala de visitas, os cânticos fúnebres.</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Lourenço tocou com o cotovelo em Absalão:</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">- Ainda não foi visitar o rio onde sua mãe suicidou-se?</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Davino levantou a voz.</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">- Não quero que fale deste assunto agora. Aliás, você
conhece suficientemente os costumes desta casa, Lourenço. Sabe que não é
permitido falar na mesa. É no silêncio da mesa que se agradece a Deus pela
abastança.”</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Questões como a
embriaguês habitual do personagem são também tratadas, em As sementes do Sol, à
luz dos costumes, valores e cultura sertaneja:</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“A mesa, Absalão sabia, não era ali como um templo. Era uma
arena. Uma luta. Lourenço sempre falava, embriagado ou não. Embora fosse raro
não estar embriagado. Ester o repreendia, poupando o nervosismo e o refinamento
do marido. Muitas vezes reuniu os filhos antes das refeições para pedir que não
rissem com as brincadeiras do tio.”</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">O cenário da figura do
patriarca à cabeceira da mesa, do respeito que lhe devia toda a família, dos
cuidados da mulher para que esse respeito não fosse afrontado pela ingenuidade
das crianças ou pelo destempero do parente embriagado, ganha contornos típicos
pela influência da formação sertaneja do escritor, o que fica bem evidente nas
cenas e diálogos lidos. Típicos nesse aspecto, pois as questões, é preciso
reafirmar, são universais. Como bem lembra Tolstoi na abertura de Anna Karenina,
no sertão pernambucano ou na Rússia, as famílias infelizes são infelizes cada
uma a sua maneira. E é dessa infelicidade, dessas agruras, dessas angústias,
desse eu que ainda não encontrou um tu, seja no sertão, seja nos espaços
urbanos, que a obra de Carrero fala, através da vida de seus personagens. </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Pincei algumas poucas
obras, alguns poucos personagens que, a meu ver, exteriorizam mais a
importância do sertão na obra de Carrero. Mas em todos os seus personagens o
leitor vai encontrar, de alguma forma, essa força, esses valores, essa cultura
sertaneja, mesmo que os personagens, repito, sejam urbanos. Foi a forma que
encontrei para não fugir ao tema proposto pela mesa, para não seguir por um
viés reducionista, por uma análise sociológico-geográfica.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">A obra de Carrero é
vasta, seus personagens são complexos, a raiz sertaneja é um dos múltiplos
aspectos que nutrem suas narrativas – sua Arcassanta, que ele carrega para onde
for. Importante, sim, mas mesmo quando explicitado, na obra de Raimundo Carrero
o sertão aparece como elemento de composição, <span style="color: black;">cenário</span>
para a reflexão sobre temas e questões humanas de ocorrência e importância
universal. Ou, como diria Autran Dourado, perda recente para a literatura
brasileira, grande escritor e teórico da prosa de ficção: </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">“Os críticos-sociólogos recebem os personagens como gente,
ainda estão na mimesis, quando os criadores muito pouco se preocupam com isso,
a não ser secundariamente, para passar a sua moeda falsa e iludir – da mesma
maneira que com a metáfora – o leitor: o bom do personagem é ter um corpo...”</span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt;">Os personagens de
Carrero têm corpo mas, acima de tudo, têm alma. E é muito mais nessa alma que
circula, metaforicamente, o sangue sertanejo do autor. </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-69200364703429674052012-11-01T15:23:00.001-07:002012-11-01T15:23:34.075-07:00Lista de reprodução com a programação do Laboratório de Autoria Literária Ascenso Ferreira gravada ao longo da programação de 2012.<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/videoseries?list=PL9fvY5V2WQ1D6A3hA69lRpdReGKHM7lK8&hl=pt_BR" width="425"></iframe>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-78101026291037442532012-10-21T15:43:00.000-07:002012-10-21T15:43:10.879-07:00Gerusa Leal - Projeto vida e obra de Raimundo Carrero <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/T516IUK2fGc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Alvarenga - a construção do personagem
na obra de Raimundo Carrero</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Gerusa
Leal</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Uma corrente mais técnica dos estudiosos da ficção
considera que a literatura é jogo de palavras, de movimentos interiores, de
metáforas, de símbolos, o personagem seria apenas um desses elementos. Para
outra corrente, o problema central da ficção é o personagem.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não existe história sem personagem. Mas o
romance é também uma experiência de linguagem escrita, se realiza no texto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Com esses pressupostos em vista, a idéia seria
refletir sobre a construção do personagem, pensar em como ele nasce e se
desenvolve. Tomamos Alvarenga, nascido em Maçã Agreste e protagonista de Seria
uma Sombria Noite secreta para ilustrar esse aspecto na obra de Raimundo
Carrero. Sem pretensões de defender teses, de escrever artigos, ensaios, apenas
partilhando impressões sobre a criação do personagem escolhido, que o texto de
Carrero provoca em mim. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Sobre Alvarenga, em sua gênese, já no texto impresso e
publicado, penso num rosto na sombra, que é como Carrero diz que um personagem
nasce. Nasce sem nome, porque o autor ainda está procurando a voz narrativa.
Para que tenha uma voz, necessita de uma identidade. E o nome, que pode até não
vir, que pode mudar ao longo do processo criativo, comporia, assim, uma
identidade psicológica. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">A primeira vez que entrei em contato com Alvarenga foi
na leitura de Maçã Agreste, romance publicado em 1989. Lá, ocorreu-me que das
sombras de Quincas Borba pode ter começado a se esboçar o rosto do personagem.
O romance de Machado de Assis conta a história de Rubião, ingênuo rapaz que se
torna discípulo e herdeiro do filósofo Quincas Borba, personagem do romance
anterior, Memórias Póstumas de Brás Cubas e que, sendo enganado por seu amigo
capitalista Cristiano e sua esposa Sofia, paixão de Rubião, vive na pele todo o
fundamento teórico do Humanitismo, filosofia fictícia daquele filósofo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Mas o que teria Alvarenga a ver com essa história
toda? Em Maçã Agreste, a personagem Sofia - assim como Sofia é a esposa de
Cristiano no romance de Machado -, lá na página 52, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dirigiu-se ao atendente e pediu o romance Quincas Borba, de Machado de
Assis</i>.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">(...)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Agora estava disposta a lê-lo. Refeita,
sentia que não teria medo das palavras</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">‘Rubião fitava a enseada – eram oito horas da manhã.
Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma
grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água
quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra cousa. Cotejava o
passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora?
Capitalista’.”<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>(pág. 53 de Maçã
Agreste).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Com a referência, pareceu-me, Carrero prepara o
surgimento do personagem que, na página seguinte (54), começa a chegar como uma
espécie de pressentimento da presença nascente, do ponto de vista da personagem
Sofia: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Foi quando Sofia observou que,
junto à porta, estava um homem</i>”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Assim, nesse momento um mero coadjuvante, um rosto nas
sombras, um homem. Apenas um homem. Que vai aos poucos ganhando contornos: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não exatamente um homem, desses que parecem
afoitos e que nunca atravessam a meia-idade, acompanhantes ousados de
prostitutas, mas um velho</i>.” Alvarenga começa a ser criado, de maneira
indireta, através do olhar de Sofia. Aqui já uma leve alusão, ainda velada, à
relação entre Alvarenga e Raquel: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“acompanhantes
ousados de prostitutas”</i> que só no desenvolvimento da narrativa vai sendo
desvendada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">O personagem, agora, não é mais apenas um homem, é o
acompanhante de uma prostituta e, a essa altura de sua construção enquanto
personagem, um velho: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rigorosamente, um
velho. Vestido num terno azul, sem gravata, um bigode ralo embranquecido,
cabelos negros pintados, e bem penteados, gordo</i>.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Alvarenga vai se delineando. Aos poucos vai começando
a sair das sombras: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">As rugas, apesar de
tudo podia ver as rugas, não escondiam a velhice</i>.” É o olhar de Sofia
construindo, com delicadeza, a personagem, dando algumas leves pinceladas de um
perfil físico que já deixam transparecer um pouco do perfil psicológico do
homem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Na página 55, Sofia “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lembrou-se do romance de Machado de Assis, e era como se todos ali
tivessem os olhos e os sentimentos de Rubião tentando decifrá-la</i>”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">As reflexões de Sofia sobre Rubião ficam em suspenso
enquanto testemunha o depoimento denso e a reação de Jeremias à revelação de Raquel
de que resolveu ser prostituta. Até agora o personagem veio sendo revelado,
apresentado, por características físicas, um perfil estático, quase um retrato,
pintado por Sofia. É a idade, são as roupas, os traços fisionômicos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Lá para a página 57, Sofia volta-se outra vez ao velho
e, sob seu olhar, o personagem começa a se movimentar, a ganhar vida: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O rapaz </i>[Jeremias, irmão de Raquel,
amigo de Sofia]<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> passou a mão nos olhos,
enxugando o suor que caía da testa. Repetiu o gesto, e o sorriso não se afastava
dos lábios. O que, aliás, contrastava com a face do velho que olhava um e
outro, um tanto atônito, às vezes também querendo sorrir, mascarado pela
inquietação. Sentado, as mãos sobre as coxas, baixava sempre a cabeça para
beber um gole de cerveja</i>.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Apenas um olhar, uma intenção de sorriso, uma
inquietação, um gesto característico, mas já se movimenta. As ações são
narradas representando comportamentos. Não são elementos isolados. O perfil
psicológico vai sendo desenhado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Mais adiante, à página 59, diante da revelação de
Raquel: - “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quero ser prostituta</i>” -, a
narrativa volta mais uma vez o olhar ao velho: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quatro árvores estariam mais consoladas pelo vento. De todos, porém,
quem revelava absoluto abatimento era o velho. Enterrava a cabeça no peito, as
mãos cruzadas entre as pernas abertas, e permanecia imóvel, uma imobilidade
insólita, que significava, ao mesmo tempo, presença e distância, um objeto, ou
a aproximação mais verdadeira da dor e da compreensão, um ser vivo</i>.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">O narrador – nesse momento, Sofia – coloca o leitor
agora mais em contato também com os sentimentos de Alvarenga, expressos nos
gestos. Um ser vivo. As palavras começam a se mover, o texto começa a traçar,
embora ainda de maneira possivelmente confusa para o leitor, a gênese do
personagem que, aqui, já pulsa. Já sofre. Já é. Já existe. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não se ouviam
ruídos nem a música dos cabarés. Mas o velho, saindo do torpor em que se
encontrava, num gesto que lembrou o som desafinado e grotesco de um instrumento
no meio de uma orquestra, meteu a mão no prato e retirou um grande pedaço de
queijo, enchendo a boca desajeitada e gulosamente. Mastigava com apetite e
força, deformando a boca. Não esperou sequer que a comida descesse pela
garganta, Tomou o copo de cerveja e bebeu</i>.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">É o próprio personagem, embora ainda sob o olhar de
Sofia, lançado agora ao centro da cena, do palco, quem vai, no foco da luz, em
câmera fechada, em close, dando ordem ao disforme, ao caótico que caracteriza a
gênese de Alvarenga. Vai “saindo do torpor”. Humanizando-se, até come; e seus
gestos o vão construindo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">As frases vão se apresentando, depois os movimentos
iniciais levam ao nome.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">“- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rubião tem
fome.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">A gargalhada,
imensa gargalhada de Jeremias, espantou. Ele ouvia a frase de Sofia, seguida de
um arroto do velho. Sem entender a alusão ao livro de Machado, Raquel olhou
estranhamente para os dois. Mas, enquanto o velho enchia, outra vez, o copo de
cerveja, deixou o pequeno sorriso encantar os lábios. De certa forma, gostara
da expressão.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Rubião sabe
fazer coisas.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Disse e
aproximou-se do companheiro. Sofia olhou de viés para Jeremias, lembrando-se de
Rubião, Cristiano Palha, Freitas e Carlos Maria e, sobretudo, da outra Sofia</span></i><span style="font-size: 14.0pt;"> [a de Quincas Borba]<i style="mso-bidi-font-style: normal;">. Que haveria ela de pensar num instante daquele? E o velho continuava,
vorazmente, a devorar o queijo e a beber a cerveja.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Vamos,
Rubião, mostre a eles o que sabe fazer.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Ele levantou
o rosto gordo, com o bigode sujo de espumas, imitando um sorriso, limpando os
lábios com a língua:</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Você fala
comigo?</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Raquel
colocou a mão no seu ombro:</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Com quem
haveria de ser?</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Meu nome é
Alvarenga. Por que me chamam assim?</span></i><span style="font-size: 14.0pt;">”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Aqui fica a pergunta, lançada ao ar, para os demais
personagens - e para o leitor. Nesse trecho, também, a relação do personagem
com Raquel vai se modificando ao olhar do leitor. Não mais apenas um
acompanhante ousado de prostitutas. Mas um companheiro de Raquel.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">O narrador oculto, organizador vai, por meio do
diálogo, fazendo um uso sofisticado das marcações para ir acrescentando traços
ao perfil físico do personagem - dando-lhe um bigode, por exemplo -,
construindo sua identidade. É o próprio personagem quem afirma seu nome,
começando, assim, a destacar-se das sombras do Rubião, de Quincas Borba, e se
apresentando como um outro, que os demais personagens ainda estão começando a
conhecer – assim como o leitor. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">É Raquel quem, à página 60, joga Alvarenga outra vez,
dessa vez quase literalmente, no palco, e lhe pede que se apresente, que se
defina, saia da ambiguidade que os dois nomes criam:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">“- Alvarenga
ou Rubião, mostre a eles suas habilidades. O velho também riu, riu e repetiu a
palavra nova duas ou três vezes, apenas para ele. Contou que vivia, sozinho,
com um cachorro no quarto de pensão. Isto é, precisava escondê-lo porque a
hospedeira não gostava de animais nos aposentos. Sobretudo um cachorro, que
colocava em risco a saúde dos outros hóspedes. O bicho era bem-comportado, não
latia, não grunhia, obedecendo a todas as ordens do dono.”</span></i><span style="font-size: 14.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Sofia e Jeremias contribuem também com seu olhar para
ir plasmando Alvarenga para o leitor, de maneira indireta, o narrador colado ao
ponto de vista dos personagens:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">“Enquanto ele
falava, Raquel serviu mais uma cerveja e mais queijo, mesmo sabendo que estava
perdendo sua própria alimentação. Sofia e Jeremias esqueceram o enfado,
interessados na figura ali à frente, conversando e conversando, ganhando
animação, mesmo que os gestos fossem deselegantes.”</span></i><span style="font-size: 14.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">As características do personagem vão sendo melhor
definidas, ele vai “ganhando animação, mesmo que os gestos fossem
deselegantes”. O “mesmo que”, aqui, me chega como recurso narrativo, para não
lançar luz demais, não ofuscar o leitor, não tirar seu espaço de cúmplice na
construção, pois o personagem ganha animação não “mesmo que” mas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“inclusive e principalmente” por seus gestos
deselegantes. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Alvarenga já tem nome, perfil físico e o narrador,
ainda de forma indireta, pelos olhares dos outros três personagens, vai
estabelecendo também um perfil psicológico. Já não é uma idéia nebulosa, um
velho, um companheiro de Raquel. Trata-se de Alvarenga. Um ser singular, único
feito cada um de nós.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Outro trecho da narrativa, à página 61, coloca o
leitor em contato com a gênese de gestos que vão caracterizar Alvarenga em Maçã Agreste, quando
ainda é coadjuvante, e se aprofundar em Seria uma Sombria Noite Secreta, quando
se transforma em protagonista. Trata-se da cena com o personagem fazendo a
performance de como adestrava o cachorro com quem vivia no quarto de pensão:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">“Alvarenga
balançou a cabeça. O pobre </span></i><span style="font-size: 14.0pt;">[o
cachorro]<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> entendia, mas a princípio não
mostrou habilidades. Queria que o bicho ficasse em pé nas patas traseiras, o
focinho levantado. Começava aí o exercício. Demonstrava, faça assim e assim.
Repetindo os gestos, um bailarino balofo, o velho caminhava nas pontas dos pés
pelo quarto. Assim, faça assim, repetia. O animal não saía do lugar,
espiando-o.”</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">(...)</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Mesmo depois
de rebeldia e persistência o cachorro conseguiu, ainda que canhestramente,
andar nas patas traseiras. No entanto, para que ele ficasse com o focinho
levantado, Alvarenga precisava oferecer-lhe um pedaço de carne, pendurando-a
num cordão e, suspensa, obrigando-o a abocanhá-la.”</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">(...)</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Raquel bateu
com a mão na mesa e foi ao refrigerador, retirou mais duas cervejas, enchendo
todos os copos, fazendo comentários, dizendo:</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Mas você
ainda não mostrou como fez para que o cachorro alcançasse o equilíbrio.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Não
precisa, basta que eles saibam que consegui.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Jeremias
pediu:</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">- Mostre,
Alvarenga, mostre.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">O velho saiu
da cadeira e, de pé, apanhou uma garrafa vazia na mesa. Gordo, uma figura
extravagante. Ficou nas pontas dos pés, colocou a garrafa no nariz e abriu os
braços. Deu os primeiros passos, a garrafa balançou, ele prosseguiu, andando e
andando, mostrando um certo tipo de arrogância e, surpreendentemente, de
leveza.”</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">O personagem já tem um nome, mas um nome não é
necessariamente um destino. Enquanto vai sendo criado, pelas próprias ações,
pelo olhar dos outros personagens, Alvarenga vai sofrendo alterações.
Percebe-se que o narrador oculto cuida de inventá-lo, quando Alvarenga aparece
de novo lá pela página 73, junto aos “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Soldados
da Pátria por Cristo marchando para o Centro da cidade ao sol da manhã</i>:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">“Formavam um
cortejo: à frente Alvarenga, o tenente, com o cachorro num braço, soprando a
corneta de vez em quando, compenetrado.” </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">A corneta, que aparece aqui pela primeira vez,
apresentada aparentemente de forma casual, depois vai evoluindo também na sua
função como elemento de composição do personagem tendo, já em seguida, à página
74, reforçada a sua importância, o seu poder na caracterização:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Alvarenga soprou novamente a corneta, e,
desta vez, o silêncio e a expectativa estancaram, por completo, a barulheira.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A partir desse momento, Alvarenga
praticamente sai de cena, os protagonistas do romance continuam a se
desenvolver, a crescer, se relacionar, puxar o fio do enredo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Apesar de já bem caracterizado até aqui, e de todo
conhecimento prévio que o autor tem dos personagens com que trabalha, que
costuma registrar em imagens, perfis, anotações, Carrero parece não acreditar
em personagens totalmente planejados. Nos diz, em seu Os segredos da ficção,
que “até as obras planejadas, palavra a palavra, podem ser surpreendidas”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Surpreendidas e surpreendentes, pois lá
pela página 199 Alvarenga reaparece, e nesse momento o narrador organizador,
mais uma vez sob o olhar de Raquel, além de prosseguir no desenvolvimento do
personagem, começa a desvendar para o leitor algo da natureza da relação entre
os dois:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Ele
riu, e ela o observava através dos cílios, um riso bem próximo da gargalhada,
mostrando as gengivas roxas, porque esquecera de colocar a dentadura. A boca,
ela descobriu, parecia um buraco escuro, e a língua igualmente roxa dava a
impressão de uma cobra que se mexia com rapidez na moita. </i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">(...)</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>“Sacolejava
o corpo, rindo oco, satisfeito. Ela, apesar da estranha sensação de desmaio,
acompanhou-o no riso, embora apenas os lábios se alterassem. Sentia compaixão
por aquela figura medonha que se esforçava para tirá-la da agonia e imaginava
como era esquisita a impulsão de dormir com um homem daquele. Mas se acostumara
com ele, acostumara-se de tal forma que perdia o sono quando não aparecia, o
que era muito raro. Alvarenga chegava noite alta, sentava-se num banco à frente
da pensão e ficava a madrugada toda vendo-a subir e descer com vagabundos,
mendigos, operários, estivadores, estudantes, nos tempos de boa freguesia,
aguardando a vez. Ia na barraca da calçada oposta, tomava uma bebida e fumava
um cigarro, voltava à guarda.”</span></i><span style="font-size: 14.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Essa relação de dependência de um pelo
outro, essa função de guardião de Raquel que Alvarenga toma a si, agrega
complexidade ao personagem. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Alvarenga já está bem definido, poderia nos parecer
que a partir daí iria apenas cumprir o destino determinado até aqui pelo autor.
Mas para Carrero, durante o processo criador, muitas alterações podem – e devem
– ser feitas. Isso vai ficando claro quando, às páginas 202/203, pelos olhos de
Jeremias e Sofia, o narrador vai mostrando ao leitor que ele ainda não conhece
Alvarenga como pensava que conhecia:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Escutando
os gritos, embora anunciando num megafone as prendas e ofertas da casa
comercial, Alvarenga parou, com uma placa enorme dependurada no pescoço,
olhou-os, a cara pintada e a roupa de palhaço ainda toda amarrotada, muito
suado, protegeu-se na parede, um chapéu colorido, e desceu, esfregando as
pernas, o sol reverberando nos prédios, nas árvores, nas pessoas, nos carros.”</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">(...)</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sentados
num banco, Alvarenga ficou entre os dois, satisfeito porque repousava,
impossibilitado, porém, de passar o lenço na testa devido à pintura, e o suor
escorria pelo nariz. Passando, as pessoas não se importavam com o palhaço
conversando com estranhos, grave e sério. Mesmo um palhaço antimágico, antibelo
e antiengraçado, balofo e suarento.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Um palhaço grave e sério, antimágico,
antibelo e antiengraçado, balofo e suarento. Que reafirma, a partir dessa
imagem, de voz própria, a missão que o move:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“-
Não me acanho do trabalho de palhaço – ele disse. – O que não quero é que
Raquel passe privação.”</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Por Raquel, Alvarenga se faz palhaço,
cão de guarda, sempre em seu posto, sentado numa cadeira ou num banco na
calçada em frente à pensão em que ela recebe os homens, vigilante.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É com essa imagem de Alvarenga que nos
despedimos dele em Maçã Agreste, comovidos com aquela figura singular, humana,
complexa. Ele não é protagonista em Maçã Agreste. Não aparece mais nas 43
páginas finais do romance. Mas levamos ele conosco no espírito, imaginando o
que mais esse personagem tão rico poderia ter sido, poderia ser.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E é com a alegria de quem reencontra um
amigo que se conheceu pouco mas que se gostaria de ter conhecido melhor que
vinte e dois anos depois, em 2011, na abertura de Seria uma Sombria Noite
Secreta, numa atmosfera de “era uma vez”, que é o tempo da ficção, nos
deparamos outra vez com nosso amigo e, apesar de tantos anos passados, porque
nos foi tão bem apresentado em Maçã Agreste, de pronto o reconhecemos:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Na
noite de um dia sempre quente e quase interminável, Alvarenga estava ali ao pé
da escada: na ponta dos pés, a boca aberta, foca gorda e amestrada, a corneta
na mão, esperando o peixinho dourado de chocolate.”</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nosso amigo cresceu e apareceu. Já não
é mais apenas um pressentimento, um rosto nas sombras, um coadjuvante. Já tem
um nome. O escritor também sentiu, feito a gente, leitor, que o personagem
prometia muito mais, merecia mais espaço, e o promoveu a protagonista, para que
seu aprofundamento enquanto personagem fosse viabilizado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Alvarenga continua ali, ao pé da
escada, gordo, na ponta dos pés, a corneta na mão, durante esses anos todos
guardião de Raquel. Agora, tão amestrado quanto seu cão em Maçã Agreste. Mas o
autor recorre à imaginação e o cão amestrado vira foca, o focinho levantado se
muda em boca aberta, o pedaço de carne usado como incentivo se transforma no
peixinho dourado de chocolate.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Carrero volta a nos advertir, em Os
Segredos da Ficção, que “até que um personagem tome forma, precisamos escrever
milhares de palavras, centenas de páginas”. E é com esse fôlego que o escritor
se joga na empreitada, a trajetória de Alvarenga vai se estruturando
lentamente, não mais apenas um nome, mas um ser. O personagem vai evoluindo,
com a ajuda da memória e da observação, trabalho, muito trabalho, alguém que se
destaca com traços visíveis, claros e que, por fim, ganha autonomia
psicológica. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fica o convite aos que se sentiram provocados
a conhecer melhor Alvarenga, a se debruçarem nas páginas de Maçã Agreste, onde
ele nasce e dá os primeiros passos, e de Seria uma Sombria Noite Secreta, onde
vão encontrar um Alvarenga ainda mais rico e complexo, na história do camelô e
da prostituta Rachel, que vivem um amor desencontrado e confuso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Em Seria uma Sombria Noite Secreta, Alvarenga repete e
aprofunda “sempre a maravilha de estar prazeroso e inocente no sangue”,
esboçada em Maçã Agreste. Vive para proteger Rachel. Apesar de protagonista,
vive sem palavras. Rachel é quem fala por ele, que é capaz de, mesmo ao vê-la
belamente nua, sofrer a maior decepção por ela não lhe oferecer um peixinho de
chocolate em agradecimento a cada amante que vai à pensão após o seu toque de
corneta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">São romances marcantes, fortes, cheios de uma poesia
que, principalmente em Seria uma Sombria Noite Secreta, Alvarenga e Rachel nos
deixam entrever nos desdobramentos de suas histórias, nas sutilezas dos
recursos narrativos através dos quais Raimundo Carrero nos dá acesso ao mundo
interior e caótico que forma a mente desses dois seres atormentados.
Atormentados e sofridos mas profundamente humanos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: small;">Te<span style="font-size: small;">xto publicado em Coleção Debate <span style="font-size: small;">I - Raimundo Carrero - Academia Pernambucana de Letras - Organização Fátima Quintas - Edições Bagaço</span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-18576818722434168852012-10-21T04:41:00.001-07:002012-10-21T04:41:50.265-07:00Marcelo Pereira - Projeto vida e obra de Raimundo Carrero <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/WcDEFqnfu7Q?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<b><span style="font-size: large;">Sís<span style="font-size: large;">ifo pernambuca<span style="font-size: large;">no</span></span></span></b><br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">Marcelo Pereira</span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">"Data de 4 de setembro de 1974 a primeira correspondência enviada por Raimundo Carrero ao escritor Odylo Costa Filho, imortal da Academia Brasileira de Letras. O iniciante autor pernambucano escreve:</span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><i>'Estou mais uma vez lhe incomodando. Mas é que sou um homem um tanto nervoso e não sei ficar quieto por muito tempo. Sofro de ansiedades. Por isso não controlei o impulso de lhe escrever novamente. Como faz pouco mais de um mês que lhe entreguei os originais de minha novela: </i>A história de Bernarda Soledade - a t<span style="font-size: large;">igre do sertão </span><i><span style="font-size: large;">para uma poss<span style="font-size: large;">ível edição na Artenova<span style="font-size: large;"> e, como ainda não recebi resposta, gostaria de saber como é que andam as coisas.'</span></span></span></i> "</span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">"<span style="font-size: large;">Respirando literatura e ajudando a revelar novos valores no suplemento Pernambuco, do Diário Oficial do Estado de Pernambuco, Raimundo Carrero cumpre sua sina de Sísifo pernambucano diar<span style="font-size: large;">iamente. Voltando sempre ao rés do chão da folha em branco para a escr<span style="font-size: large;">itura de um novo livro. Ao chegar eo cume e antes mesmo de colocar a obra nas mãos do leitor e sentir-se num Olimpo, momentâneo que seja, Carrero se vê impelido a começar novamente a sua tare<span style="font-size: large;">fa sem fim de criaç<span style="font-size: large;">ão"</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: small;">Em Coleção Debate volume I da Academia Pernambucana de Letras - Raimundo Carrero - organizado por Fátima Quintas - Edições Bagaço</span> </span></span></span> </span></span></span></span></span></span><b><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"> </span></span></span></b>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-27174368037152569772012-10-20T16:56:00.001-07:002012-10-20T17:42:05.328-07:00Lourival Holanda - Projeto vida e obra de Raimundo Carrero<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/N8efSZtV0Mg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<span style="font-size: large;"><b>Raimundo Carrero: a matéria, o modo, o mundo</b></span><br />
<span style="font-size: large;"><b></b></span><br />
<span style="font-size: large;">Lourival Holanda</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">"Raimundo Carrero, desde há muito, vinha apontando como promessa; agora chega a um momento meridiano de sua produção. As premiações nacionais só reforçaram a aposta de quantos, daqui, acompanham seu percurso. As superstições classificatórias desnorteiam, mais que guiam, no caso C<span style="font-size: large;">arrero.</span></span>"<br />
<br />
<span style="font-size: large;">"O universo de Raimundo Carrero é denso, dramático - pela própria matéria que escolhe. Lucilo Varejão Filho percebeu isso desde cedo: <i><span style="font-size: large;">De <span style="font-size: large;">Carrero escritor, eu diria que é dos mais densos que temos lido. E outra coisa não poderíamos esperar de um leitor constante de Dostoievski, que ele não se cansa de revisitar."</span></span></i></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">"Nos romances mais for<span style="font-size: large;">tes, Carrero sugere: experiência erótica e a mística - intensidades extremas que se tocam. Daqueles aos quais só o infinito sacia. A paixão des<span style="font-size: large;">via nossos olhos da imortalidade."</span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: small;">Texto completo em Coleção Debate, volume I - Raimundo Carrero, da Academia Pernambucana de Letras, Organização Fátima Quintas, Edições Bagaço</span> </span></span></span>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-55746106581533496652012-08-14T05:49:00.001-07:002012-08-14T05:49:32.403-07:00Laboratório de Autoria Literária Ascenso Ferreira - SESC Santa Rita<h4 class="titulo-evento">
<span><em>Meu Vizinho, o Escritor </em></span>com Cyl Gallindo (PE) e Gerusa Leal (PE)<br />
Provocação: Nivaldo Tenório (PE)</h4>
<h4 class="titulo-evento">
Programação gravada na Biblioteca do SESC Santa Rita, em 08.08.12, dentro da programação do Laboratório de Autoria Literária Ascenso Ferreira</h4>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/-uA72CMXLiY?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<h4 class="titulo-evento">
<br /></h4>
Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4037178152628575433.post-30681822808424029072012-08-04T10:45:00.001-07:002012-08-04T10:45:10.658-07:00Laboratório: bastidores, com Raimundo Carrero (interprograma 4)<a href="http://www.blogger.com/%3Ciframe%20width=%22560%22%20height=%22315%22%20src=%22http://www.youtube.com/embed/6onW-beMG2A%22%20frameborder=%220%22%20allowfullscreen%3E%3C/iframe%3E"><iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/6onW-beMG2A" width="560"></iframe></a>Gerusa Lealhttp://www.blogger.com/profile/16061640033317408164noreply@blogger.com0