quinta-feira, 14 de abril de 2011

Escritores & Tal

Estreia de Gerusa Leal no Escritores & Tal
POSTADO POR GERUSA LEAL DIA 7 DE ABR DE 2011 EM CONTO [COMENTE LÁ]
http://www.escritoresetal.com.br/site/2011/04/sabrina/


Conheci fazendo ponto na frente do hotel. Uma pele de cetim, olhos brilhantes na carinha de criança. De jeans e camiseta, não fosse o falso louro, lembrava minha filha adolescente, corpo ainda em formação.
- Entra aí.
- Já entrei, gatão.
- Quanto é?
- Pra você, cem paus.
- É muito.
- Tá bom, baixo pra cinquenta, se me pagar uma bebida.
Fechou a porta do carro e seguimos. Pedimos duas caipirinhas, o garçom me olhava divertido. Será que o sacana pensava que eu não dava conta da ninfetinha?
- Me dá um cigarro?
Quando aproximei o isqueiro do rosto, vi que tinha o olhar bastante seguro para alguém tão jovem. Me provocava, muito à vontade. Tomamos mais uma, paguei a conta e saímos. Entramos no carro, parado numa rua lateral, sem qualquer movimento àquela hora. Sentou no banco do passageiro, manteve a porta aberta.
- Só tem uma coisa, é adiantado.
- Acha que tenho cara de otário?
- Olha, você parece um coroa legal, já levei calote e agora só adiantado.
Puxei a arma do porta-luvas.
- Entra aí. Tô mandando.
Ao invés de entrar, fez menção de correr. Joguei a arma no chão do carro, dei partida e arranquei.
No dia seguinte era o assunto no escritório.
- Você viu?, mataram mais uma. Dizem que foi queima de arquivo. Tinha testemunhado a morte de uma coleguinha uns meses atrás. Ou então a mocinha não quis dar pra algum bundão.
Não sei o que me deu. Ele era um petisco. Mas não era o único. E nem havia me reconhecido.
Creative Commons License photo credit:  Isa Costa

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