domingo, 9 de agosto de 2009

Outono

a tarde ainda se faz dia

hesita em anoitecer


o vento cochila imóvel

cansado de tanto calor


a madressilva repousa

na jardineira do muro

pensando em nada

quieta

feito a rua a seus pés


a tarde se estremece

e volta a entardecer


outono de faz de conta

chuva que não se lembra

do compromisso marcado


no terraço ela sonha

com o verão que passou

o livro aberto no colo


alguma mão invisível

move de leve a roseira

tirando uma folha morta


ela sorri e levanta

lembrou-se do pai

por quê?

8 comentários:

Mehazael disse...

Nossa, lindo. Como sempre. Se bem que, aqui no sul, o outono costuma ser um pouco pior do que isso. heheheh

Sei q andei ausente, mas voltei (to sempre indo e voltando, né?)
Te espero lá no meu blog!

ps: lembrou do pai pq? Folha morta é tão... auspicioso?

Gerusa Leal disse...

Oi, Marcelo. Que bom que gostou. Sim, nosso outono é mais suave.
Bom te ver de volta.
No final da vida, uma das maiores paixões do meu pai era a jardinagem. Uma mão invisível tirando uma folha morta lembrou-me dele cuidando do jardim.
Abraço

Ego. disse...

Linda homenagem,
linda lembrança.
lindo tudo aqui!!!

Bjus e até*

Gerusa Leal disse...

Obrigada, "Ego". Feliz que gostou. Beijos.

Paula Barros disse...

E o vento sempre remexe lembranças.

abraços

Gerusa Leal disse...

Pois é, Paula.
Grata pela visita.
Abraço

Sérgio Lima Silva disse...

gerusa
sua poesia me pegou. incluí seu blog no meu blog. por favor mande um inédito.
sérgio

Gerusa Leal disse...

Ô, Sérgio, que retorno legal. Inda mais vindo de outro poeta. Também gostei muito dos teus poemas lá no Quinto canto do mundo http://quintocantodomundo.blogspot.com/ Recomendo aos visitantes que confiram.