quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sabrina

O nome era Sabrina. Conheci fazendo ponto na frente do hotel. Uma pele de cetim, olhos brihantes na carinha de criança. De jeans e camiseta, não fossem os cabelos oxigenados, lembrava minha filha adolescente, o corpo ainda em formação.
- Entraí.
- Já entrei, gatão.
- Quantoé?
- Pra você, cem paus.
- Émuito.
- Tá bom, baixo pra cinqüenta se me pagar uma bebida.
Fechou a porta do carro e seguimos. Pedimos duas caipirinhas, o garçom me olhava divertido, será que o sacana pensava que eu não dava conta da ninfetinha?
- Me dá um cigarro?
Quando aproximei o isqueiro do rosto para acender, vi que tinha o olhar bastante seguro para alguém tão jovem. Me provocava, muito à vontade. Tomamos mais uma caipirinha, não demorou paguei a conta e saímos. Entramos no carro, que estava parado numa rua lateral, sem qualquer movimento àquela hora, ela sentou no banco do passageiro, manteve a porta aberta.
- Só tem uma coisa, é adiantado.
- Qualé, minha filha, achaquetenhocaradeotário?
- Olha, você parece um coroa legal mas já levei calote e agora só trabalho adiantado. Se não interessa, então volto pro meu ponto.
Não sei o que me deu, puxei a arma do porta-luvas.
- Entraaí, tô mandando.
Ao invés de entrar, ela fez menção de correr. Joguei a arma no chão do carro, dei partida e arranquei cantando pneu.
No dia seguinte, era o assunto no escritório.
- Cara, você viu?, mataram mais uma boneca. Dizem que foi queima de arquivo, o gajo tinha testemunhado a morte de uma coleguinha uns meses atrás. Ou então a moçoila não quis dar pra algum bundão.
Não sei o que me deu. Ela era um petisco, mas não era a única. E nem havia me reconhecido.

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