quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Gaza

o dia terminava
e o poente, escurecendo o céu
não poupava às criaturas terrenas
a sede

apenas aumentava a escuridão
o silêncio entrecortado de gemidos

nos hospitais, nas ruas
o percorrer dos ásperos caminhos
e das lastimosas visões
que as retinas
mesmo na escuridão
insistiam em exibir

divididos em três
invocamos os deuses
as musas
os homens
mas não nos chegam alimentos
remédios
sequer livros ou alaúdes
onde mitigar ou cantar nossa dor

nossas crianças já não dormem
o sono dos inocentes

3 comentários:

Anônimo disse...

As crianças são sempre as vítimas e a primeira imagem que nos vem...

Anônimo disse...

Belo poema, Gerusa!
banhei minha alma ao lê-lo!

Gerusa Leal disse...

Obrigada, José. Versos às vezes são lágrimas de impotência.